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21/03/2004
-
08h33
PAULO DANIEL FARAH
especial para a Folha
A presença militar dos EUA no Iraque incentiva a atuação de grupos extremistas islâmicos e dificulta a implementação de democracia e de direitos humanos no Oriente Médio.
A opinião é de Hassan Barghouti, 52, secretário-geral da Federação para o Apoio à Democracia em Países Árabes.
Leia trechos de entrevista por telefone, de Ramallah.
Folha - Como os árabes vêem a situação atual do Iraque?
Hassan Barghouti - Libaneses, sírios, jordanianos, palestinos e marroquinos, entre outros, acreditam que o que acontece no Iraque tenha a ver com toda a região, é o prenúncio de uma situação catastrófica.
Os árabes vêem uma relação entre o que se passa no Iraque e na Palestina e acreditam que a ocupação incentive grupos extremistas islâmicos.
Folha - Um ano depois da Guerra do Iraque, o que mudou para os árabes?
Barghouti - Creio que tudo piorou, e muito. A questão palestina faz parte agora da nova política americana para a região e está inserida na idéia de um "Grande Oriente Médio".
Evidentemente, isso dificultou muito a possibilidade de uma solução para esse problema. Agora, não só os palestinos têm de cumprir as exigências americanas e israelenses para que haja uma desocupação militar de suas terras, como também os outros árabes precisam se "comportar bem" para que isso seja possível algum dia.
Os EUA e Israel querem que a questão palestina seja parte da reformulação de todo o Oriente Médio. Por isso, não há nenhum interesse neste momento em implementar um plano de paz. Se os EUA realmente quisessem uma solução para todos nesta região, precisariam primeiro achar uma solução justa para a questão palestina.
Folha - Os dirigentes árabes estão interessados em resolver a questão palestina?
Barghouti - Sabemos que eles têm outros interesses, mas não podem ignorar eternamente o anseio das populações.
Folha - Qual sua opinião sobre a idéia de um "Grande Oriente Médio"?
Barghouti - Entendemos que os países árabes enfrentam um grande desafio, pois precisam urgentemente de democracia e de direitos humanos. Mas a questão é: será que os EUA querem realmente mudanças de verdade? Porque, se a resposta for negativa, isso só deslegitima os governos árabes. E há muito desconfiança sobre Washington no Oriente Médio.
Folha - Mas a posição dos governantes é diferente...
Barghouti - Sim, a população quer uma nova ordem, mas a posição dos governantes é bem diferente. Querem continuar onde estão, e muito tempo...
Creio que os regimes políticos árabes incentivem os grupos extremistas em seus países na medida em que não oferecem as soluções necessárias que a população exige.
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
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A presença militar dos EUA no Iraque incentiva a atuação de grupos extremistas islâmicos e dificulta a implementação de democracia e de direitos humanos no Oriente Médio.
A opinião é de Hassan Barghouti, 52, secretário-geral da Federação para o Apoio à Democracia em Países Árabes.
Leia trechos de entrevista por telefone, de Ramallah.
Folha - Como os árabes vêem a situação atual do Iraque?
Hassan Barghouti - Libaneses, sírios, jordanianos, palestinos e marroquinos, entre outros, acreditam que o que acontece no Iraque tenha a ver com toda a região, é o prenúncio de uma situação catastrófica.
Os árabes vêem uma relação entre o que se passa no Iraque e na Palestina e acreditam que a ocupação incentive grupos extremistas islâmicos.
Folha - Um ano depois da Guerra do Iraque, o que mudou para os árabes?
Barghouti - Creio que tudo piorou, e muito. A questão palestina faz parte agora da nova política americana para a região e está inserida na idéia de um "Grande Oriente Médio".
Evidentemente, isso dificultou muito a possibilidade de uma solução para esse problema. Agora, não só os palestinos têm de cumprir as exigências americanas e israelenses para que haja uma desocupação militar de suas terras, como também os outros árabes precisam se "comportar bem" para que isso seja possível algum dia.
Os EUA e Israel querem que a questão palestina seja parte da reformulação de todo o Oriente Médio. Por isso, não há nenhum interesse neste momento em implementar um plano de paz. Se os EUA realmente quisessem uma solução para todos nesta região, precisariam primeiro achar uma solução justa para a questão palestina.
Folha - Os dirigentes árabes estão interessados em resolver a questão palestina?
Barghouti - Sabemos que eles têm outros interesses, mas não podem ignorar eternamente o anseio das populações.
Folha - Qual sua opinião sobre a idéia de um "Grande Oriente Médio"?
Barghouti - Entendemos que os países árabes enfrentam um grande desafio, pois precisam urgentemente de democracia e de direitos humanos. Mas a questão é: será que os EUA querem realmente mudanças de verdade? Porque, se a resposta for negativa, isso só deslegitima os governos árabes. E há muito desconfiança sobre Washington no Oriente Médio.
Folha - Mas a posição dos governantes é diferente...
Barghouti - Sim, a população quer uma nova ordem, mas a posição dos governantes é bem diferente. Querem continuar onde estão, e muito tempo...
Creio que os regimes políticos árabes incentivem os grupos extremistas em seus países na medida em que não oferecem as soluções necessárias que a população exige.
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
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