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31/05/2004 - 14h08

Confederação Israelita do Brasil nega matéria de jornal canadense

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MARIANA CAMPOS
da Folha Online

O diretor-executivo da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Jaques Perow, negou o conteúdo da matéria publicada pelo jornal canadense "The Canadian Jewish News", que afirmava que "um número significativo" de judeus brasileiros estava querendo imigrar para a Província canadense do Québec por causa das "crescentes preocupações econômicas e políticas no Brasil".

Perow não nega a entrevista, mas, sim, seu conteúdo. "Eu respondi perguntas, só que elas foram mal interpretadas. Respondi de uma maneira e colocaram de outra no jornal canadense", afirmou Perow em entrevista concedida à Folha Online.

Na última quarta-feira (26), tal matéria, citada pelo site da BBC Brasil, aumentou a repercussão entre as comunidades judaicas brasileira e canadense.

Segundo a notícia, Perow teria afirmado que cerca de cem famílias de judeus brasileiros, preocupadas com a situação do país, estariam interessadas em imigrar para Québec; e que a comunidade israelense no Brasil via o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "pró-palestino".

"O que eu disse naquela entrevista foi que o Lula foi para o Oriente Médio e não visitou Israel por uma questão comercial e não que ele seria pró-palestino", afirmou Perow.

Problemas

Na matéria publicada pelo jornal canadense, Perow ainda teria afirmado que a comunidade judaica no Brasil tem experimentado um crescimento nos problemas sociais. Jovens mulheres se tornariam prostitutas e a incidência do abuso do álcool e das drogas seria tão séria que o Jacs --uma organização internacional de apoio a judeus alcoólicos e dependentes químicos-- precisou abrir uma filial no Brasil.

"Eu nunca falaria mal do meu 'pai'. O Brasil é meu pai. Eu nasci aqui, moro aqui. Se um descendente de judeu quiser ir para o Canadá, ele é livre para fazer o que quiser, assim como o japonês, o mineiro, o negro", disse o diretor.

Perow afirmou ter ido ao Canadá para tratar de diversos assuntos ligados às comunidades, entre os quais programas de assistência social. "Nós sabemos que não é só a comunidade judaica que sofre com problemas de emprego. Nós temos uma campanha da Unibes (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social), mas os recursos são poucos. É um problema geral", afirmou.

Números

Sobre o "número significativo" de famílias judaicas que estaria interessado em ir ao Canadá, também há controvérsias.

A comunidade judaica no Brasil conta com aproximadamente 150 mil pessoas. Segundo a matéria, o número de judeus que queria sair do Brasil com direção à Québec seria de cerca de cem famílias.

Supondo-se que este número seja verdadeiro e calculando-se que cada família seja formada por quatro pessoas, ou seja, 400 judeus, este número representa apenas 0,26% do total da comunidade judaica brasileira.

A especialista em comunidades judaicas do Canadá Goreth Xethalis também ficou surpresa com a publicação da matéria. "Os resultados da matéria nos deixaram em alarme porque não gostaríamos de ver nossa comunidade do Brasil passando por momentos mais desagradáveis do que já passam", disse.

"Justamente pelo fato de a comunidade judaica estar inserida na sociedade brasileira como um todo, ela acaba sofrendo os mesmos problemas econômicos, políticos e sociais que o resto das pessoas do país."

Imigração

Xethalis afirma que a comunidade brasileira no Canadá é muito pequena, especialmente na Província de Québec.

Os números diminuem ainda mais quando se trata dos judeus brasileiros em si. "Falando só da comunidade judaica brasileira, temos aproximadamente 20 famílias", disse.

Apesar disso, o número de pessoas pertencentes à comunidade israelita no Canadá chega à cerca de 360 mil judeus.

Segundo ela, as pessoas que saem do Brasil em direção ao Canadá não são impulsionadas pelo anti-semitismo, mas, sim, pela melhor qualidade de vida do país norte-americano.

"Normalmente, as pessoas fogem do problema sócio-econômico, da falta de segurança, de trabalho e principalmente buscando mais qualidade de vida. O Canadá tem um dos melhores sistemas de saúde, educação e segurança do mundo. A adaptação é difícil, mas quando pensamos nisso tudo, abafamos nossa saudade com o sorriso dos nossos filhos", afirma.

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