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03/09/2004 - 10h35

Russos encontram dezenas de corpos em ginásio de escola invadida

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da Folha Online

Dezenas de corpos de reféns já foram encontrados no ginásio da escola na cidade de Beslan, na Ossétia do Norte, onde um grupo armado manteve sob a mira de armas e bombas centenas de pessoas (entre crianças, pais e professores) desde a última quarta-feira (dia 1º).

Agências russas e européias de notícias já apontam que o número de corpos pode passar de cem. A russa Interfax afirma que muitas das pessoas teriam morrido com a queda do teto do ginásio, após uma explosão.

Há informações, ainda não confirmadas, de que os terroristas teriam minado o ginásio e detonado as bombas durante a invasão das forças de segurança russas.

A operação das forças colocou fim à invasão da escola, comandada por terroristas que exigiam a saída de tropas russas da Tchetchênia. No entanto, tudo indica que se transformará em uma tragédia de enormes proporções, com centenas de mortos e feridos.

Repr.TV/AP
Criança é socorrida após fuga de escola na Rússia


Lev Dzugayev, assessor do presidente Vladimir Putin, disse oficialmente que "mais de 200 pessoas" ficaram feridas, em sua maioria, crianças. Já o Ministério da Saúde, citado pela Itar-Tass, afirmara que esse número havia passado de 400.

O número oficial de mortos deverá ficar incerto por várias horas ou mesmo dias. O governo russo indicou inicialmente que seria pequeno diante do número de reféns (segundo uma testemunha, seriam mais de 1.500).

No entanto, assim como aconteceu na invasão do teatro em Moscou, em outubro de 2002, as autoridades russas não têm o hábito de, a princípio, dar informações corretas sobre o número de mortos (na ocasião, 129 reféns morreram no teatro, mas os números iniciais apontavam entre cinco e dez).

A invasão da escola russa aconteceu um dia depois de o presidente Vladimir Putin ter afirmado que buscava uma solução pacífica para o impasse e que a prioridade do governo era "salvar vidas".

Invasão

Segundo o comitê de crise do governo russo, as forças especiais tiveram de entrar em ação no momento em que um primeiro grupo de cerca de 40 mulheres e crianças conseguiu fugir e alguns terroristas começaram a disparar contra essas pessoas.

Imagens de televisão mostravam mulheres e crianças, algumas feridas, que eram levadas em ambulâncias, enquanto helicópteros das forças russas sobrevoavam a escola. Moradores de Beslan teriam abrigado alguns dos reféns que fugiam.

De acordo com o Ministério do Interior da Ossétia do Norte, as forças especiais russas ainda procuram por integrantes do grupo terrorista que conseguiram escapar. Não foi informado quantos, mas vários teriam se escondido em uma casa próxima à escola.

Essa casa foi cercada pelas tropas e em torno da mesma ainda eram ouvidas explosões e troca de tiros.

Número de reféns

Desde o início do caso, a imprensa de Moscou divulgou números diferentes sobre a quantidade de reféns.

"São 1.020 reféns" na escola, informa "A Gazeta", citando uma mulher libertada ontem. "A televisão fala em 350 reféns, mas não está certo. Há pelo menos 1.500 pessoas na escola", afirma uma professora libertada com sua filha ao diário "Zvestia".

A disparidade sobre o número de reféns começou na própria quarta-feira. As agências de notícias diziam que havia cerca de 400 pessoas dentro da escola. Pouco depois, informavam que os reféns eram entre 120 e 150. Ontem, o Serviço Federal de Segurança (FSB) elevou novamente o número afirmando haver cerca de 350 pessoas dentro do local.

Condições do cárcere

De acordo com o jornal russo "Pravda", os reféns saíram com muita sede. Os terroristas não deixavam os reféns beber água ou utilizar os banheiros, resultando em alguns casos das crianças beberem urina.

As primeiras entrevistas com testemunhas indicam, segundo o jornal, que dois terroristas se suicidaram na quarta-feira no corredor onde estavam detidos os reféns masculinos. Os terroristas teriam separado as vítimas, colocando os doentes nas salas usada para guardar livros.

Segundo o jornal, ainda não está claro se os terroristas, ao fugir, levaram escudos humanos. O jornal sugere que poderia haver uma divisão entre os terroristas: os mais extremistas queriam se suicidar e outro grupo queria negociar.

Ameaças

Logo após a captura dos reféns, o grupo armado ameaçou matar 50 crianças para cada combatente morto e 20 para cada combatente ferido. O FSB disse que o grupo era formado por 17 pessoas (homens e mulheres) e que algumas delas estariam usando cintos com explosivos.

O grupo exigia, além da libertação de presos envolvidos em atividades terroristas na Inguchétia, que as tropas russas fossem retiradas da Tchetchênia e o fim das ações militares nesta república, segundo informou Aslanbek Aslakhanov, assessor do presidente Putin.

De acordo com o jornal "The New York Times", um correspondente chegou a falar com os ocupantes da escola por telefone, e disse que o homem que se apresentou como porta-voz deles falava russo com sotaque tchetcheno.

Aslakhanov também confirmou que os terroristas queriam negociações com os presidentes da Inguchétia e da Ossétia do Norte e com o pediatra Leonid Roshal.

Terror na Rússia

Esta é a terceira ação terrorista ocorrida na rússia em pouco menos que duas semanas. Na terça-feira (31), dez pessoas morreram e 51 ficaram feridas em um ataque perto de uma estação de metrô no centro de Moscou.

O grupo islâmico Brigadas Islambouli [supostamente ligado à Al Qaeda] assumiu a responsabilidade pelo atentado, segundo um comunicado divulgado em um site na internet. A explosão ocorreu uma semana após dois aviões caírem no sul de Moscou, matando todas as 89 pessoas que estavam a bordo, o que foi classificado como "ato terrorista".

As autoridades russas disseram ter achado o mesmo explosivo nos escombros dos aviões e duas mulheres tchetchenas foram consideradas suspeitas. O mesmo grupo, Brigadas Islambouli, reivindicou o "seqüestro" dos aviões.

Com agências internacionais

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