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29/10/2004 - 12h02

Para especialista, nada muda enquanto Arafat estiver vivo

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BIANCA KESTENBAUM BANAI
especial para a Folha Online, em Tel Aviv

A ausência do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, levado na manhã desta sexta-feira para um hospital militar na França para tratamento médico, não deverá mudar o cenário do conflito israelo-palestino, segundo o professor Barry Rubin, 54, do Centro de Pesquisas Globais de Assuntos Internacionais, do Centro Interdisciplinar de Hertzlia, em Israel.

O governo palestino diz que Arafat está com sua saúde debilitada porque sofre há dias por causa de uma forte gripe, mas especula-se a possibilidade de o líder palestino estar com leucemia, devido informações apresentadas em seu exame de sangue. Seu estado de saúde tornou-se bastante delicado na última quarta-feira (27).

Rubin, estudioso de Oriente Médio e especialista na carreira de Arafat há 30 anos, é autor de três livros, incluindo "Iasser Arafat: uma biografia política", publicado pela universidade americana de Oxford, em 2003.

Para Rubin, a ausência de Arafat não criará uma nova liderança e sua morte vai causar um estado de anarquia total nos territórios palestinos. "E nem por isto, o terrorismo deverá diminuir ou aumentar. Simplesmente, porque nada vai mudar", disse.

Leia íntegra da entrevista concedida à Folha Online.


Folha Online - Que situação vai se desenvolver enquanto o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Arafat, estiver ausente da Mukata [seu quartel-general, em Ramallah]?

Rubin - Ninguém deverá fazer nada, nenhuma atitude será tomada porque Arafat não morreu, ele ainda está vivo e continua sendo o líder palestino.

Folha Online - É verdade que Arafat nunca se preocupou em passar a liderança adiante, não houve uma preparação para uma nova geração de líderes palestinos?

Rubin - Não há uma liderança nova. Este é exatamente o meu ponto de vista. Enquanto Arafat estiver vivo, não há outro líder. Há duas opções: ele vivo ou ele morto.

Folha Online - Então, se ele morrer?

Rubin - Aí a situação muda. Não importa quem é, qual é o nome do novo líder. Eu acho que não há um novo líder e ninguém pode fazer isto a força. E o que vai acontecer? Haverá uma situação que cada um vai fazer o que quer.

Folha Online - O senhor se refere a "uma anarquia"?

Rubin - Claro. Agora, a situação é quase de anarquia. Não há guerra, é uma anarquia. Os palestinos não podem fazer negociação, tentar um acordo, não há quem faça isto.

Folha Online - Em relação a Israel, o terrorismo poderá aumentar?

Rubin - Não sei se vai ter mais ou menos violência, pode ser que a situação continue a mesma. Ao meu ver, não há qualquer mudança no cenário. Pelo simples motivo que não há alguém capaz de mudar algo, se não há um líder, não há nada de diferente.

Folha Online - Sem Arafat, o programa de retirada de Gaza será mais fácil para Israel?

Rubin - Acho que será mais fácil sem Arafat. Ele é um líder muito inteligente, mas sem ele não há outro líder e o mundo entenderá o preço e o comprometimento de Israel.

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