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09/01/2005 - 19h05

Mahmoud Abbas enfrenta o desafio de substituir Arafat

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da France Presse, em Jerusalém

Mahmoud Abbas, o político que cresceu à sombra de Iasser Arafat, falecido em novembro, e provável vencedor das eleições presidenciais palestinas deste domingo, segundo sondagens de boca-de-urna, vai enfrentar o desafio de substituir o histórico líder e obter um acordo de paz viável com Israel.

A vida de Abbas mudou radicalmente no dia 11 de novembro, quando a morte do dirigente em Paris o converteu em líder da OLP (Organização para Libertação da Palestina) e dias depois em candidato oficial para os comício da Fatah, partido fundado e dirigido por Arafat.

De cabelo branco e vestido sempre à maneira ocidental, Abbas foi criticado por sua falta de carisma e seu caráter moderado, mas durante a campanha quis mostrar que é o homem que os palestinos necessitam neste momento para atingir suas aspirações de paz e independência.

O futuro presidente da Autoridade Palestina votou neste domingo pela manhã na Mugata, o antigo quartel general de Arafat em Ramallah, aonde o dirigente falecido permaneceu confinado por Israel desde dezembro de 2001 e até sua morte.

Negociador pragmático

Contrariamente à Arafat, que era considerado pelos Estados Unidos e por Israel um "obstáculo para a paz", Abbas, 69, é um negociado pragmático bem visto há anos por ambos.

As simpatias do inimigo por Abbas suscitam sem dúvida receito entre os grupos palestinos mais radicais.

Pressionado por Washington, que não o considerado um interlocutor válido para negociar, Arafat se viu obrigado a criar um posto de primeiro-ministro e nomear Abbas para o cargo em 2002.

Porém, pouco depois, Abbas se demitiu ante a impossibilidade de obter de Arafat poderes suficientes, sobretudo em relação aos serviços de segurança da Autoridade Palestina, completamente desorganizados e corruptos.

Durante um ano, Abbas foi isolado pelo líder e somente obteve uma pequena reconciliação às vésperas da morte de Arafat.

Sem dúvida, em que pesem essas diferenças, Abbas entendeu que tinha que adotar a figura de Arafat em sua campanha e a imagem de luta do líder o acompanhou em todas as cidades de Gaza e Cisjordânia.

A campanha de Abbas começou com um minuto de silêncio por Arafat e terminou retomando uma de suas idéias chave: fazer de Jerusalém a capital de um futuro estado palestino.

"Al Quds [Jerusalém-leste] será nossa. Estamos decididos a criar um estado palestino que terá Jerusalém como capital", afirmou.

Consciente de sua vantagem, Abbas se permitiu durante a campanha expressar sua oposição à Intifada armada e a necessidade de sentar e dialogar com Israel.

Esta postura lhe granjeou a oposição dos grupos radicais como Hamas e a Jihad islâmica.

Diálogo com Israel

Abbas foi co-fundador, junto com Arafat, da Fatah nos anos 60, e foi um dos primeiros dirigentes da OLP que insistiu em resolver o conflito com Israel pelo caminho da negociação.

Em sua carreira política, reuniu-se com numerosos líderes políticos de tendências diversas, incluindo o primeiro-ministro Ariel Sharon.

Segundo seus colaboradores, Abbas se sentiu traído e decepcionado quando, em 1994, o prêmio Nobel da Paz foi para Arafat, o primeiro-ministro israelense Ytizhak Rabin, e o ministro israelense das Relações Exteriores, Shimon Peres. E que todo o mundo esqueceu seus esforços para resolver os conflitos e seu papel fundamental no acordo de Oslo de 1993.

"O presidente Iasser Arafat nos lembra dos imensos sacrifícios que há se de fazer pelo povo palestino com o fim de livrar a pátria e criar um estado independente", afirmou, durante a campanha.

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