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14/10/2005 - 18h52

Ataque insurgente causa blecaute em Bagdá na véspera de votação

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da Folha Online

Rebeldes sunitas sabotaram o sistema elétrico que abastece a capital iraquiana, Bagdá, causando um blecaute em uma vasta área da cidade nesta sexta-feira, véspera do referendo sobre a Constituição.

"Foi uma sabotagem em um ponto próximo de Baiji", afirmou o porta-voz do Ministério de Eletricidade, Mahmoud Saadi, a respeito do apagão que atingiu a área desde a capital até uma refinaria de petróleo 180 km ao norte de Bagdá.

De acordo com a rede de TV americana CNN, o corte de energia elétrica atinge 70% da área da capital.

Pouco depois do blecaute, as ruas de Bagdá ficaram vazias devido a um toque de recolher decretado com a intenção de deter ataques suicidas, enquanto policiais e soldados se posicionavam para defender os cerca de 6.000 postos de votação de possíveis ataques.

Segundo o Ministério, equipes trabalham para restaurar o sistema elétrico. Não há previsão de quando a energia será restabelecida.

Tiros

Quatro postos eleitorais no sul e no sudoeste de Bagdá foram atingidos por tiros nesta sexta-feira, segundo fontes do Ministério do Interior.

De acordo com funcionários do governo iraquiano, homens armados que estavam em um veículo abriram fogo contra dois postos eleitorais situados no distrito de Dora (sul). Um terceiro posto foi atingido em Baya e outro em Al Ilaam (sudoeste).

O ataque aconteceu apesar dos reforços na segurança das áreas onde ficam os postos eleitorais. Não houve registro de feridos nem vítimas.

Dezenas de milhares de soldados e policiais iraquianos reforçaram a segurança nas áreas que abrigam os cerca de 6.000 postos de votação em todo o país. Postos de controle foram estabelecidos em estradas e ruas.

Explosão

Insurgentes explodiram uma bomba em frente ao escritório do Partido Islâmico Iraquiano em Bagdá e colocaram fogo no escritório do partido em Fallujah, a oeste de Bagdá. Não houve relato de feridos nos dois ataques.

Em Azamiyah, centenas de manifestantes carregando cartazes pediram o "não" na votação, chamando o líder do Partido Islâmico, Mohsen Abdul Hamid, de "traidor". Os manifestantes marcharam na região da mesquita Grande Imã -- o maior centro religioso sunita.

Uma granada foi lançada na casa do imã da mesquita, Muayad al Azami, que é membro do Partido Islâmico. Não houve feridos na explosão. Segundo o imã, nesta quinta-feira, seu filho foi ameaçado por sunitas que se opõem à Constituição

No distrito sunita de Duluiya, ao norte de Bagdá, militantes circulavam pelas ruas entregando panfletos com ameaças de morte a quem votar "sim" no referendo.

As fronteiras iraquianas foram seladas, lojas e comércios estão fechados desde quinta-feira e veículos particulares não podem circular pelas ruas para evitar a ocorrência de ataques com carros-bomba.

"Nós esperamos ser capazes de deter os terroristas em acabar com nossa felicidade amanhã", afirmou Imad Lefta, prefeito de Hillah, cidade xiita ao sul de Bagdá onde um ataque suicida a uma mesquita matou 25 pessoas na semana passada.

Disputa

A Constituição é apoiada pela maioria xiita e pelos curdos, mas divide as opiniões entre os sunitas.

A princípio, os sunitas se opuseram à Constituição, por acreditarem que o texto dividiria o Iraque em dois Estados --um curdo, ao norte, e outro xiita, ao sul, deixando apenas a parte central com a minoria sunita.

No entanto, posteriormente, os xiitas propuseram aos sunitas a possibilidade de fazerem alterações no texto final da Carta. A proposta convenceu o Partido Islâmico Iraquiano --maior partido sunita-- a deixar de lado a oposição ao texto e pedir aos partidários que votem 'sim' neste sábado.

A decisão dividiu os sunitas e descartou a possibilidade de que a Constituição seja rejeitada pela população.

Apelo

O referendo deste sábado-- um passo importante para a entrada do Iraque na democracia-- acontece em um momento em que as forças se segurança americanas e iraquianas tentam combater a insurgência sunita em Bagdá e em áreas do oeste e do norte do país.

O presidente iraquiano, Jalal Talabani, e o primeiro-ministro do país, Ibrahim al Jaafari, fizeram um apelo pelo "sim" na televisão nesta sexta-feira.

Talabani também pediu aos insurgentes sunitas que deixem as armas de lado e entrem no processo político. "Nossos queridos irmãos, a maneira para alcançar suas exigências legítimas é por meio da política (...) e não do terrorismo, da violência e do boicote", afirmou.

A maioria dos xiitas --que representam 60% dos 26 milhões de iraquianos-- apóiam a Constituição e devem votar "sim" no referendo.

Oposição

Muitos árabes sunitas vêem a Carta como um fator de divisão no Iraque, que dará aos governos das Províncias o controle sobre os recursos naturais do país --entre eles, o petróleo-- e não aceita a identidade árabe do país.

As mudanças aceitas nesta quarta-feira pelos xiitas, que dominam o Parlamento, atendem a algumas exigências sunitas, mas não as principais, como a que diz respeito ao federalismo e às raízes árabes.

Se for adotada, a Constituição lançará a base para a realização de eleições gerais em dois meses. Se rejeitada --por maioria simples em ao menos três das 18 Províncias iraquianas-- as eleições de dezembro ainda ocorrerão, mas um novo projeto de Carta deverá ser elaborado.

Com agências internacionais

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