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22/04/2006
-
08h58
da Folha Online
A oposição do Nepal, formada por uma aliança de sete partidos, rejeitou formalmente neste sábado, em um comunicado, a proposta do rei Gyanendra de restaurar a democracia multipartidária. Eles também anunciaram que a greve geral e os protestos vão continuar.
"A declaração real não conseguiu responder às demandas da aliança dos sete partidos em relação a um plano para o retorno à democracia. Em nenhum caso podemos nos unir ao governo. A greve geral e as manifestações pacíficas prosseguirão", diz o texto.
Neste sábado, milhares de manifestantes furaram um bloqueio da polícia e tomaram as ruas de Katmandu (capital) em protesto ao terceiro dia consecutivo de toque de recolher imposto pelas autoridades. A polícia respondeu com balas de borracha e gás lacrimogêneo para tentar impedir que a multidão invadisse o palácio real. Ao menos oito pessoas se feriram.
Nesta sexta-feira, após mais de duas semanas de protestos, que deixaram 14 mortos e dezenas de feridos, o rei Gyanendra prometeu devolver o poder político ao povo, e pediu aos sete principais partidos políticos do país que nomeiem um primeiro-ministro o mais breve possível.
Protestos contra o governo têm ocorrido nas ruas da capital nepalesa, Katmandu, desde o último dia 6. Milhares pediam que o rei entregasse o poder e restituísse a ordem democrática no país.
Crise
Durante um longo período de sua história, o Nepal foi comandado por governos absolutos. Em 1990, o país se tornou uma monarquia constitucional. No entanto, desde 1996, há intensa ação da guerrilha maoísta, que tenta derrubar a monarquia para instituir um regime socialista.
Em junho de 2001, o príncipe Dipendra promoveu um massacre no palácio real, matou seus pais e primos e tentou se matar em seguida. Mesmo internado e em estado de coma, ele foi proclamado rei. Em 4 de junho, após sua morte, seu tio Gyanendra assumiu o trono.
No ano seguinte, o novo rei demitiu o primeiro-ministro e seu gabinete por "incompetência", depois de eles terem dissolvido o Parlamento e não conseguirem realizar eleições devido à insurgência.
Em junho de 2004, Gyanendra reinstalou um primeiro-ministro, que formou um governo de coalizão com outros quatro partidos. Oito meses mais tarde, dizendo-se "insatisfeito" e "preocupado com a segurança" do Nepal, o rei Gyanendra dissolveu o Parlamento e declarou estado de emergência [o que desencadeou a prisão de líderes de partidos]. O monarca vinha governando o país sozinho desde 1º de fevereiro de 2005.
Reação
A União Européia (UE) e a Índia se disseram satisfeitas com a promessa de Gyanendra de entregar o poder.
O Embaixador americano James Moriarty havia afirmado, horas antes das declarações do rei, que Gyanendra "não teria outra opção senão atender às exigências dos partidos".
"Se ele não fizer isso, acredito que a monarquia não irá durar (...) e veremos uma revolução uma revolução no Nepal."
A Casa Branca pediu que os partidos políticos do Nepal ajam "rapidamente" e formem um novo governo em resposta à promessa de Gyanendra de devolver os poderes políticos à população.
"Estamos satisfeitos com a mensagem do rei Gyanendra divulgada hoje, que deixa claro que a soberania pertence ao povo nepalês", afirmou Frederick Jones, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Com agências internacionais
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A oposição do Nepal, formada por uma aliança de sete partidos, rejeitou formalmente neste sábado, em um comunicado, a proposta do rei Gyanendra de restaurar a democracia multipartidária. Eles também anunciaram que a greve geral e os protestos vão continuar.
"A declaração real não conseguiu responder às demandas da aliança dos sete partidos em relação a um plano para o retorno à democracia. Em nenhum caso podemos nos unir ao governo. A greve geral e as manifestações pacíficas prosseguirão", diz o texto.
Bikas Rauniar/Efe |
Polícia nepalesa usa gás lacrimogêneo contra manifestantes nas ruas de Katmandu |
Nesta sexta-feira, após mais de duas semanas de protestos, que deixaram 14 mortos e dezenas de feridos, o rei Gyanendra prometeu devolver o poder político ao povo, e pediu aos sete principais partidos políticos do país que nomeiem um primeiro-ministro o mais breve possível.
Protestos contra o governo têm ocorrido nas ruas da capital nepalesa, Katmandu, desde o último dia 6. Milhares pediam que o rei entregasse o poder e restituísse a ordem democrática no país.
Crise
Durante um longo período de sua história, o Nepal foi comandado por governos absolutos. Em 1990, o país se tornou uma monarquia constitucional. No entanto, desde 1996, há intensa ação da guerrilha maoísta, que tenta derrubar a monarquia para instituir um regime socialista.
Em junho de 2001, o príncipe Dipendra promoveu um massacre no palácio real, matou seus pais e primos e tentou se matar em seguida. Mesmo internado e em estado de coma, ele foi proclamado rei. Em 4 de junho, após sua morte, seu tio Gyanendra assumiu o trono.
No ano seguinte, o novo rei demitiu o primeiro-ministro e seu gabinete por "incompetência", depois de eles terem dissolvido o Parlamento e não conseguirem realizar eleições devido à insurgência.
Em junho de 2004, Gyanendra reinstalou um primeiro-ministro, que formou um governo de coalizão com outros quatro partidos. Oito meses mais tarde, dizendo-se "insatisfeito" e "preocupado com a segurança" do Nepal, o rei Gyanendra dissolveu o Parlamento e declarou estado de emergência [o que desencadeou a prisão de líderes de partidos]. O monarca vinha governando o país sozinho desde 1º de fevereiro de 2005.
Reação
A União Européia (UE) e a Índia se disseram satisfeitas com a promessa de Gyanendra de entregar o poder.
O Embaixador americano James Moriarty havia afirmado, horas antes das declarações do rei, que Gyanendra "não teria outra opção senão atender às exigências dos partidos".
"Se ele não fizer isso, acredito que a monarquia não irá durar (...) e veremos uma revolução uma revolução no Nepal."
A Casa Branca pediu que os partidos políticos do Nepal ajam "rapidamente" e formem um novo governo em resposta à promessa de Gyanendra de devolver os poderes políticos à população.
"Estamos satisfeitos com a mensagem do rei Gyanendra divulgada hoje, que deixa claro que a soberania pertence ao povo nepalês", afirmou Frederick Jones, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Com agências internacionais
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