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26/05/2006 - 23h00

Tropas tentam controlar situação no Timor Leste em meio ao caos

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da Folha Online

Mulheres e crianças fugiram desesperadas de suas casas neste sábado (noite de sexta-feira no Brasil) na capital do Timor Leste enquanto milícias incendiavam dezenas de imóveis na escalada de violência que irrompeu em Dili.

Milícias civis armadas com estilingues, facões e lanças foram vistos nas ruas do bairro de Villa Verde, no sul de Dili, lançando pedras em vidraças de casas e ateando fogo nas construções.

Centenas de moradores em pânico buscaram abrigo em igrejas ao mesmo tempo que tropas australianas chegavam em tanques e veículos blindados para tentar restaurar a ordem.

EFE
Soldados estrangeiros patrulham ruas de Dili para conter violência; caos continua no país
Ainda não há notícias do total de vítimas dos conflitos, mas várias ambulâncias podiam ser vistas percorrendo o local em disparada.

Os grupos armados são aparentemente aliados de policiais e ex-soldados contrariados após serem demitidos como conseqüência de um movimento de greve em março.

Ao menos 23 pessoas foram mortas em uma semana de confrontos que vão se caracterizando como a maior ameaça ao pequeno país desde sua independência da Indonésia em 1999.

Forças australianas, malaias e neozelandesas chegaram à capital para colocar fim à violência, enquanto o contingente de Portugal ainda deve chegar. O número total de vítimas cresceu devido à trágica morte de seis membros de uma família, no incêndio de uma casa em Dili.

Os corpos carbonizados da mãe e dos cinco filhos --entre eles um bebê-- foram encontrados nesta sexta-feira dentro da casa. Segundo os vizinhos, a família era parente do ministro do Interior timorense, Rogério Lobato.

Tropas neozelandesas foram até a casa e disseram que pedirão aos representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) para analisar o local antes de retirar os cadáveres, informou a agência australiana AAP.

Vítimas

A família não foi a única vítima dos ataques. Há especulações de que essas tragédias não são obra dos 591 ex-soldados que foram expulsos do Exército --e que originaram a onda de violência que afeta o Timor Leste há semanas--, mas de militares na ativa.

O diretor da missão da ONU no Timor, Sukehiro Hasegawa, mostrou-se indignado pela possibilidade de que soldados do Exército tenham atirado contra os policiais ontem, deixando 12 mortos e 20 feridos --entre eles dois funcionários da ONU.

Os confrontos entre o corpo de segurança timorense e os 591 militares --um terço das Forças Armadas-- expulsos há cerca de dois meses, após uma longa greve por melhores condições trabalhistas, pioraram esta semana com a proliferação de facções envolvidas.

Paz

O ministro das Relações Exteriores timorense, José Ramos Horta, disse a uma rádio neozelandesa que espera que as facções em conflito comecem a negociar a paz no domingo (28). Segundo Horta, o presidente Xanana Gusmão comandaria as negociações, e as conversas de paz aconteceriam logo após o fim dos confrontos violentos.

As tropas australianas já foram mobilizadas em lugares estratégicos em torno da capital para deslocar as facções rebeldes para fora do centro de Dili.

Junto com tropas timorenses, as forças da Austrália estabeleceram hoje um perímetro de segurança na capital com o objetivo de evitar o colapso das instituições do Estado.

Segundo nota de imprensa divulgada pelo escritório do primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, "o perímetro de segurança abrange os escritórios dos quatro pilares do Estado [incluindo as casas dos presidentes da República, do Parlamento e da Corte de Apelações, e do primeiro-ministro]".

Infra-estrutura

Além disso, há a vigilância da "rede de energia, das torres de comunicação, da reserva de água, do Hospital Nacional e do aeroporto, entre outros pontos importantes", acrescenta a nota. O presidente timorense teria ajudado a definir o perímetro.

Cerca de 350 soldados australianos já estão no país, enquanto 950 chegarão entre as próximas 24 e 48 horas em vários Hércules C-130, que passaram a fazer uma ponte aérea entre Darwin e Dili, afirmou o ministro da Defesa australiano, Brendan Nelson.

As tropas usarão a força necessária para evitar mais mortes e proteger as infra-estruturas e a si mesmos, disse Nelson.

A prioridade é restabelecer a normalidade o mais rápido possível, disse o ministro australiano. Devido à situação, a World Vision --uma das organizações de ajuda humanitária que trabalha no Timor Leste-- advertiu que seus três centros em Dili já estão com mais de 25 mil refugiados.

O diretor da World Vision na Austrália, o reverendo Tim Costello, disse que seus centros estão sendo ameaçados por grupos de rebeldes armados, que dificultam a entrada e saída de alimentos.

Exército

Para restabelecer a paz, as tropas internacionais precisam saber com quem coordenar a ação do Exército timorense. Enquanto o primeiro-ministro timorense afirma que tem o controle sobre as forças de segurança em conjunto com Xanana Gusmão, este disse ontem que perdeu a confiança no governo de Alkatiri.

Horta informou que o governo manteria nos quartéis os cerca de mil membros de suas Forças Armadas, e tentaria devolver o controle da segurança à polícia do país.

A Indonésia fechou nesta sexta-feira a fronteira com o Timor Leste e, segundo o presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, ela só será aberta "em caso de emergência".

Após 24 anos de ocupação indonésia e de três administrado pela ONU, o Timor Leste tornou-se um Estado soberano em 2002.

Com agências internacionais

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