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19/07/2006 - 16h27

Ataque de Israel abala enterro de brasileiro no Líbano

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DANIELA LORETO
da Folha Online

O 7º brasileiro morto no Líbano, o comerciante Dib Barakat, 62, morou durante 20 anos em São Bernardo do Campo (Grande SP), onde chegou a ser subprefeito de Riacho Grande. Há dez anos, vivia com a família no Líbano, onde era dono de uma fábrica de móveis.

Às 8h (2h de Brasília) desta quarta-feira, um ataque aéreo israelense matou Barakat, enquanto ele trabalhava em sua fábrica. Além da perda, os parentes tiveram de lidar com outro inconveniente: bombardeios fizeram correr as pessoas que participavam do enterro do brasileiro.

"Durante o enterro [ocorrido nesta quarta-feira], houve um ataque a cerca de 50 metros do cemitério. Todos ficaram assustados e saíram correndo", disse à Folha Online, do Líbano, o brasileiro Fauzi Abdone, 27, que está no país a passeio.

Barakat vivia com a mulher e os dois filhos na cidade de Lucy, no vale do Bekaa, no centro-leste do Líbano, região onde vivem muitos brasileiros.

O sobrinho do brasileiro, Khalil Laila, que mora em São Bernardo, disse à Folha Online que seu tio e a família estavam receosos depois do início dos bombardeios de Israel no sul do país, mas que não imaginavam que pudessem se tornar vítimas.

"A área onde eles moram é no centro-leste do Líbano e os ataques estavam acontecendo no sul. Na região de Lucy, nem há focos do Hizbollah, mas Israel está atacando galpões, caminhões, qualquer lugar onde haja a mínima suspeita", diz Laila.

Comunidade

Segundo Laila, muitos brasileiros da região do ABC têm casa em Lucy e costumam visitar parentes nessa época do ano, que é verão no Líbano e coincide com as férias escolares. "Minha irmã, Leila, mora em Lucy e também está com medo dos ataques".

A exemplo de outros brasileiros entrevistados pela Folha Online, no Líbano, Laila confirmou a dificuldade que os brasileiros estão enfrentando para deixar o país, já que o Itamaraty os orienta a sair pela fronteira com a Síria ou pela Jordânia, para depois procurar as embaixadas brasileiras nesses países. Mas esse trajeto é muito perigoso porque faz parte da rota de ataques de Israel.

"Vários países estão enviando navios e avisando Israel para que suspenda os ataques durante a retirada, mas os brasileiros estão tendo que sair sozinhos do Líbano, correndo risco", diz.

Retorno antecipado

Abdone, que é de Taubaté, chegou ao Líbano para passar férias em 14 de julho e pretendia ficar no país até 3 de agosto, mas agora tenta adiantar sua partida. Seus tios moram em Lucy e eram vizinhos de Barakat. "Meu pai era muito amigo dele".

Segundo Abdone, a família do brasileiro morto --que até ontem não temia os bombardeios de Israel-- partiu para a Síria logo após o enterro. Ele mesmo pretende seguir para o Egito nesta quinta-feira.

"Ontem mesmo conversei com o sobrinho dele, eles não estavam com medo, não havia ataques em nossa região", diz.

O brasileiro pretende deixar o Líbano por conta própria. "A Embaixada fez uma lista de nomes de pessoas que queriam deixar a cidade. O ônibus deveria partir há uns três dias, mas a saída foi cancelada sem maiores explicações", afirma, acrescentando que não consegue fazer novo contato com a embaixada.

Outras vítimas brasileiras

Apesar dos esforços da ONU (Organização das Nações Unidas) e da comunidade internacional para pôr fim à violência, nem Israel nem o Hizbollah sinalizam a interrupção de seus ataques, que até o momento já mais de 300 mortos no Líbano e 29 em Israel.

A sexta vítima brasileira é o comerciante libanês naturalizado brasileiro Rodrigo Aiman Daher, 35, que morreu na cidade de Tiro, a 100 km de Beirute. Ele foi morto por volta das 16h (10h de Brasília) desta terça-feira, no momento em que estava em um café próximo de um prédio atingido por um míssil de Israel.

Um garoto de 7 anos natural de Foz do Iguaçu (PR) também morreu no Líbano. Na semana passada, as ações de Israel causaram a morte de uma família brasileira [mãe, pai e duas crianças, de quatro e oito anos], também de Foz do Iguaçu.

O professor Akil Merhi, 34, sua mulher, Ahlam Merhi, 28, e os dois filhos brasileiros do casal estavam em férias no Líbano e deveriam retornar para casa no fim de julho.

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