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03/08/2006 - 08h21

ONG acusa Israel de cometer crimes de guerra contra libaneses

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da Folha Online

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou em um relatório publicado nesta quinta-feira que o Exército de Israel aparentemente bombardeou deliberadamente civis libaneses e que alguns de seus ataques seriam crimes de guerra.

Segundo a HRW a afirmação de Israel de que membros do grupo terrorista Hizbollah se escondam entre civis libaneses não justifica a "falha sistemática" para distinguir entre combatentes e civis.

"Em algumas ocasiões, as forças israelenses parecem haver deliberadamente atacado civis", afirma a declaração da organização.

"As falhas não podem ser consideradas meros acidentes e não se podem culpar práticas equivocadas do Hizbollah. Em alguns casos, esses ataques constituem crimes de guerra", acrescenta o documento.

O diretor executivo da ONG, Kenneth Roth, afirmou que em muitos casos de mortes de civis libaneses investigados pela organização a localização de membros do Hizbollah ou de seus armamentos aparentemente não se relacionava às áreas atacadas.

"Os membros do Hizbollah não devem se esconder entre civis. Isso é óbvio. Mas a imagem que Israel promoveu de que uso de civis como escudo seria a causa de um número tão alto de mortes civis é equivocada", afirmou Roth.

A organização questionou ainda o número de mortos em um ataque israelense efetuado no último domingo (30) a um prédio residencial na vila de Qana, no sul do Líbano.

Segundo a organização de defesa dos direitos humanos houve 28 mortes confirmadas em Qana e há 13 pessoas desaparecidas. Segundo fontes oficiais libanesas o bombardeio matou 56 civis --37 deles crianças que dormiam durante o ataque.

A organização afirma que a base de seu relatório são entrevistas com sobreviventes, visitas a locais atacados e informações de hospitais, grupos de ajuda, governo libanês e forças de defesa israelenses.

Comunicado

Segundo um comunicado militar divulgado no início desta quinta-feira (noite de quarta-feira no Brasil), um inquérito militar israelense sobre o bombardeio admitiu o engano da ação, mas acusou o grupo terrorista libanês Hizbollah de utilizar os civis como escudos para seus ataques com foguetes.

No comunicado, o Exército israelense disse que Israel não sabia que havia civis no prédio residencial. "Se houvesse a informação de que civis estavam presentes (...) o ataque não teria sido realizado", afirma a nota.

O documento informa que mais de 150 foguetes foram lançados de Qana e das imediações desde 12 de julho, quando eclodiu o conflito armado.

O chefe do Estado-Maior de Israel, Dan Halutz, se desculpou pela perda de vidas de civis, mas acusou o Hizbollah de "usar civis como escudos humanos e de operar intencionalmente de dentro de vilas e de infra-estruturas".

O acirramento das ações por parte de Israel e do Hizbollah sinaliza o aumento do número de mortos, que já chega a 900 no Líbano [26 soldados, 43 membros do Hizbollah e mais de 800 civis], e 56 em Israel [37 soldados e 19 civis]. A atual onda de violência teve início com o seqüestro de dois soldados israelenses levado a cabo no último dia 12 pelo Hizbollah. A ação deixou ainda oitos soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos.

Segundo o Ministério da saúde libanês, o total de mortos no Líbano já soma 900, além de 3.000 feridos e 1 milhão de pessoas que tiveram de deixar suas casas.

Qana

Os aviões israelenses atacaram o prédio de apartamentos em Qana nas primeiras horas de domingo. O edifício desabou e as equipes de resgate retiraram dos escombros corpos de civis, a maior parte mulheres e crianças.

Protestos internacionais forçaram Israel a suspender parcialmente os bombardeios no Líbano por 48 horas e pressionaram o governo israelense a estudar a possibilidade de um cessar-fogo na ofensiva contra o Hizbollah.

Os esforços diplomáticos têm fracassado. Nesta quarta-feira a ONU (Organização das Nações Unidas) cancelou um encontro de Estados que poderiam contribuir para uma força de estabilização, dizendo que não valia a pena realizá-lo antes que houvesse um plano de paz.

O primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi, criticou o Conselho de Segurança da ONU por não oferecer "coragem moral para condenar Israel". A declaração foi feita nesta quinta-feira durante a abertura de uma sessão de emergência da Organização da Conferência Islâmica (maior organização muçulmana do mundo, integrada por 56 nações).

Com agências internacionais

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