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03/08/2006 - 19h27

Ataques do Hizbollah matam 12; Israel prepara ampliação da invasão

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da Folha Online

Após a morte de ao menos 12 israelenses em ataques do grupo terrorista libanês Hizbollah nesta quinta-feira --oito civis e quatro soldados--, o governo de Israel prepara uma nova etapa na ofensiva ao sul do Líbano para tomar o controle da região até o rio Litani --que fica a 30 km da fronteira.

O líder do Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, condicionou hoje um possível cessar-fogo à retirada de Israel do território libanês, mas ameaçou lançar foguetes contra a cidade de Tel Aviv --que fica a cerca de 130 km da fronteira.

David Guttenfelder/AP
Caixão de soldado de Israel é carregado em enterro em Jerusalém
O Hizbollah matou ao menos oito civis em ataques com foguetes e quatro soldados israelenses em combates no Líbano nesta quinta-feira, no mais mortífero dia para Israel nas mais de três semanas de conflito, informou o Exército israelense.

Apesar de uma intensiva campanha terrestre e aérea para neutralizar o Hizbollah, o grupo terrorista continua a disparar mísseis e combater as tropas israelenses no solo do Líbano.

Em Maalot --perto da fronteira libanesa--, três israelenses de origem árabe da vila de Tarshiha estavam trafegando em um carro quando foguetes começaram a cair. Eles correram do veículo em busca de abrigo, mas acabaram sendo mortos pelos artefatos.

Em São João de Acre --a 25 km da fronteira--, pessoas que estavam escondidas em abrigos deixaram a proteção, após uma série inicial de ataques, para ver onde os foguetes haviam caído, quando foram alvo de uma segunda onda de disparos. Quatro pessoas foram mortas no local pelos foguetes Katyusha. Uma quinta pessoa perdeu a vida em razão de ferimentos causados pelo ataque.

O Exército de Israel informou que quatro soldados foram mortos hoje, três deles por um foguete que atingiu o tanque onde os militares estavam. Um quarto soldado perdeu a vida em combates na cidade libanesa de Taibeh (sul).

Em 16 de julho, outros oito civis haviam morrido pela queda de um míssil em Haifa, a terceira cidade mais importante de Israel.

Em resposta aos ataques, o ministro israelense da Defesa Amir Peretz autorizou o Exército a tomar o controle de regiões no sul do Líbano até o rio Litani --principal provedor de água para a região. A determinação ainda deve ser submetida à aprovação do Gabinete de Segurança de Israel.

Ben Curtis/AP
Ataque de Israel atinge imediações da cidade de Tiro, no sul do território libanês
O resultado da violência é de quase mil mortos. Só no Líbano, 900 pessoas morreram [26 soldados, 46 membros do Hizbollah e mais de 800 civis], há cerca de 3.000 feridos e um milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas. O anúncio do número de baixas foi feito pelo premiê libanês, Fouad Siniora. Em Israel, confrontos e foguetes do Hizbollah mataram 68 (41 soldados e 27 civis) --incluindo as 12 vítimas desta quinta-feira.

Entre as vítimas no Líbano, um terço são crianças com menos de 12 anos de idade. Cidades inteiras no sul do país foram destruídas por bombardeios aéreos de Israel. Várias regiões também carecem de água, luz e telefone.

Escalada

O clima entre o grupo terrorista libanês Hizbollah e as forças de defesa de Israel, que travam batalha armada há 22 dias, tornou-se mais tenso nesta semana, com ameaças dos dois lados.

Israel disse ontem que seus ataques ao Líbano serão estendidos até o próximo dia 12 e que quer ampliar a invasão ao território libanês, enquanto o Hizbollah fez ameaças nesta quinta-feira.

"Vocês [israelenses] atacam nossas cidades, vilarejos, infra-estrutura e a capital [Beirute]. Nós vamos reagir. Lançaremos foguetes contra Tel Aviv, e temos capacidade para isto", disse em comunicado o líder do Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, acrescentando que seu grupo interromperia os ataques ao norte de Israel se as forças israelenses pararem os bombardeios às áreas em que vivem civis libaneses.

Israel pretende criar uma "zona de segurança" no sul do Líbano, que deve ocupar de seis a oito quilômetros na fronteira do norte de Israel.

Tropas israelenses já invadiram mais de seis quilômetros do território libanês, e teriam bases de observação em 11 cidades e vilarejos no sul do Líbano. A informação não foi confirmada pelo governo libanês, que já avisou que agirá com seu Exército se Israel decidir ocupar novamente seu território.

A área alcançada durante a penetração de Israel nas atuais movimentações de suas tropas é comparável à "zona de segurança" estabelecida por 18 anos, durante a ocupação israelense.

A atual onda de violência foi desencadeada com o seqüestro de dois soldados israelenses levado a cabo no último dia 12 pelo Hizbollah. A ação deixou ainda oito soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos. Desde então, Israel ataca o Líbano por ar, terra e mar.

Israel tenta minar a infra-estrutura do Hizbollah para impedir ataques a seu território, e até agora não aceitou nenhum pedido de cessar-fogo feito pela comunidade internacional.

Ataques

Nesta quinta-feira, Israel fez vários ataques a Beirute, capital do Líbano, e intensos combates por terra foram registrados no sul do país. Israel bombardeou comunidades xiitas em Beirute, consideradas redutos do Hizbollah.

Ontem, na ação mais violenta do Hizbollah contra o norte de Israel desde o início dos confrontos, mais de 200 foguetes foram lançados em direção ao norte do país, causando a morte de uma pessoa. Um dos foguetes chegou a uma distância de 70 km, caindo na região da Cisjordânia e causando grande preocupação às autoridades israelenses.

Influência

Os governos do Líbano e da Síria se comprometeram a exercer toda a sua influência sobre o Hizbollah para tentar pôr fim aos conflitos com Israel.

O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, após encontro em Damasco com o presidente sírio, Bashar al Assad.

O Hizbollah, que recebe apoio sírio e iraniano, não é visto no Líbano como uma entidade terrorista, mas como um grupo de resistência contra a invasão israelense ao país, em 1982, que só terminou em 2000, 18 anos mais tarde. O grupo foi o único a não se desarmar após a guerra civil do Líbano (1975-1991), e freqüentemente lança foguetes contra Israel.

Correção

Nesta quinta-feira, a organização não-governamental de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) contestou o total de mortos de um ataque israelense no último domingo ao vilarejo de Qana, no sul do Líbano.

Segundo a ONG, que reuniu dados a partir de informações médicas, entrevistas com sobreviventes e fontes do governo, os bombardeios israelenses mataram 28 pessoas e deixaram 13 desaparecidos. O Líbano havia divulgado 56 mortos, 37 deles crianças.

A HRW também condenou a ação israelense, qualificando os ataques ao Líbano como crime de guerra.

A ação, que gerou repúdio da comunidade internacional, foi justificada por Israel como "culpa do Hizbollah", que teria usado as vítimas civis como escudos humanos. Israel alega ainda que não sabia que dentro do edifício atacado havia civis, embora no dia anterior ao bombardeio tenha lançado avisos pedindo que a população local fugisse da região.

"O Exército de Israel atuou sob informações que apontavam que o edifício não abrigava civis e que havia sido transformado em esconderijo de terroristas", diz o comunicado oficial do chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz. "Se houvesse informação de que havia civis no local, não teríamos atacado", acrescenta.

Com agências internacionais

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