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17/08/2006 - 22h17

ONU recebe oferta de 3.500 soldados para força de paz no Líbano

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da Folha Online

As Nações Unidas receberam nesta quinta-feira promessas de vários países para o envio de um contingente 3.500 militares para a força de paz ampliada no Líbano, mas ainda não está claro se as ofertas atendem à divisão ideal de países e se poderiam ser dispostas rapidamente na área.

Bangladesh fez a maior oferta até agora, disponibilizando mais de 2.000 homens, mas a França destinou apenas 200 novos soldados, o que desapontou diplomatas que esperavam mais do país que pode comandar a força internacional.

O secretário-geral adjunto da ONU Mark Malloch Brown afirmou durante encontro com quase 50 potenciais países colaboradores que ao menos 3.500 militares serão necessários no sul do Líbano dentro de dez dias, a fim de expandir o contingente de 2.000 homens da Unifil (Força Interina da ONU no Líbano), que tenta manter a frágil trégua entre Israel e o grupo terrorista Hizbollah.

"Nós temos isso [3.500 soldados] em termos quantitativos", disse Malloch Brown após reunião de três horas a portas fechadas com os representantes dos países. "Mas a questão é (...) que batalhões poderemos ter lá no prazo determinado? São eles os batalhões adequados, com qualidades e equipamentos adequados, e representam um grupo suficientemente multilateral dos países?", questionou o diplomata.

"Eu não quero dar uma resposta imediata. Nós temos que levar adiante isso, mas o sentimento geral é de que houve um desejo de apoiar e contribuir e uma compreensão absoluta da urgência do prazo final", explicou o secretário-geral adjunto, afirmando que ainda há muito trabalho a ser feito nos próximos dias para se alcançar o objetivo.

Itália, Espanha e Bélgica, que ainda estão estudando os termos do compromisso apresentado na reunião de hoje, dispõem de tropas que podem ser deslocadas rapidamente ao Líbano para cumprir o prazo determinado na resolução do Conselho de Segurança da ONU.

De acordo com diplomatas das Nações Unidas, Bangladesh se dispôs a enviar dois batalhões mecanizados, a Indonésia prometeu um batalhão mecanizado e um grupamento de engenharia, a Malásia ofereceu um batalhão mecanizado e o Nepal colocou à disposição um batalhão de infantaria mecanizado. Os batalhões podem variar entre 600 e mil soldados, dependendo do país.

Yahya Mahmassani, enviado da Liga Árabe nas Nações Unidas, disse ter recebido a confirmação oficial de que Bangladesh quer contribuir com dois batalhões, totalizando entre 1.600 e 2.000 soldados.

Segundo fontes da ONU, Itália, Espanha, Bélgica, Egito, Marrocos e Dinamarca também demonstraram a intenção de enviar tropas para a região do conflito.

Regras

Após a reunião convocada para esclarecer as dúvidas sobre a operação de paz e as chamadas "regras de enfrentamento", que estabelecem que tipo de resposta pode ser dada em caso de conflito, Malloch Brown se mostrou otimista com o retorno dos países participantes, especialmente dos 23 que pediram a palavra para apresentarem seus oferecimentos ou pontos de vista.

"O atual fim das hostilidades não será estável por muito tempo. Temos que nos movimentar para haver uma plena retirada das tropas e um cessar-fogo, por isto o envio de 3.500 soldados é muito importante", declarou.

Entre os países participantes, Malloch Brown separou três grupos: os que ofereceram um compromisso relativamente firme, os que se comprometeram condicionalmente --porque ainda acreditam que existem alguns obstáculos-- e outros que mostraram apoio aos princípios, mas que disseram que não estão preparados para enviar tropas.

O embaixador britânico na ONU, Emyr Jones Parry, disse que seu país "está disposto a oferecer apoio aéreo e marítimo procedentes de unidades que integram a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar ocidental], o que inclui uma fragata naval, dois aviões de reconhecimento AWACS e seis caças Jaguar".

O governo do Reino Unido também coloca à disposição do Departamento de Operações de Manutenção da Paz da ONU, caso seja necessário, a base militar britânica em Akrotiri, na ilha de Chipre.

O embaixador da Alemanha, Thomas Matussek, afirmou que a ajuda de seu país será de "componente naval para controlar e garantir que não entrem armas pela costa libanesa".

Além disso, disse que poderiam enviar um número substancial de agentes de alfândegas, policiais e integrantes de unidades especiais de proteção fronteiriça para vigiar a fronteira do Líbano com a Síria.

Já o representante americano Alex Wolff afirmou que a contribuição de seu país se concentrará no "apoio de planejamento, logística e assistência ao Departamento de Operações de Manutenção da Paz da ONU".

Segundo ele, seu país ajudará nos elementos de planejamento e de coordenação da Unifil, "com o objetivo de facilitar a mobilização das forças libanesas e a retirada do Exército israelense".

Oferta francesa

A França só vai fornecer inicialmente 200 soldados a mais para a nova força da ONU no Líbano, disse o presidente Jacques Chirac nesta quinta-feira, frustrando alguns funcionários da ONU que esperavam uma contribuição de milhares de soldados.

A decisão pode retardar ou mesmo inviabilizar a missão, considerada vital para a implementação do cessar-fogo entre Israel e o Hizbollah. Mas Chirac deixou em aberto a possibilidade de enviar mais tropas posteriormente e disse que cerca de 1.700 soldados franceses dispostos próximo do Líbano ficariam disponíveis para a ONU, mas não sob o controle da entidade.

A França teve algumas participações desastrosas em missões de paz nas últimas três décadas. Perdeu 58 pára-quedistas em um atentado em Beirute, em 1983, e mais de 80 soldados durante uma operação na Bósnia, no começo da década de 1990.

Em nota, o gabinete de Chirac disse que ele informou ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que "as regras de engajamento e os meios à disposição dessa força ainda precisam ser decididos, da mesma forma que a repartição dos contingentes tem de refletir o engajamento de toda a comunidade internacional".

A França já tem cerca de 200 soldados entre os 2.000 membros da Unifil, a força da ONU presente desde 1978 no sul do Líbano. Os franceses comandam essa força.

A nota da Presidência disse que Chirac "está preparado para manter sua presença aeronaval nos arredores do Líbano", o que inclui 1.700 soldados.

Potente e equipada

A ONU vê a futura força ampliada da Unifil como "uma força potente e bem equipada", mas não "ofensiva", declarou Malloch Brown, pedindo para os países membros fornecerem tropas sem demora.

"Ela seria uma força potente, bem equipada e autorizada a agir da maneira necessária em tarefas essenciais", disse ele na abertura da reunião.

A ONU propõe regras de compromisso "prevendo que a força será utilizada para impedir que a futura zona da Unifil seja usada para fins hostis (...) e para ajudar o governo libanês a garantir a segurança de suas fronteiras e de outros pontos de acesso", acrescentou ele.

"Potente, mas não ofensiva", sublinhou. "A Unifil estará lá para manter a paz enquanto se busca uma solução política a longo prazo". A chave da resolução deste conflito "não é militar, mas política", disse Malloch Brown.

Reforço

O comandante da Força Interina da ONU para o sul do Líbano (Unifil), Alan Pellegrini, anunciou nesta quinta-feira que "no início da próxima semana" chegarão ao sul do país os primeiros efetivos de reforço do contingente internacional estabelecido pela resolução 1.701 do Conselho de Segurança.

Pellegrini afirmou que "a nova Unifil será diferente da antiga, que já morreu, será mais forte, terá mais efetivos e novas regras".

O porta-voz não especificou o número de soldados a ser enviado na semana que vem. A Unifil, que atualmente conta com cerca de 2.000 homens, deverá ser reforçada com mais 15 mil militares no total.

No quarto dia de cessar-fogo entre o Exército israelense e o grupo terrorista libanês Hizbollah, o Exército do Líbano começa a chegar à região da fronteira com Israel. Metade da área ocupada pelas forças israelenses foi passada à ONU (Organização das Nações Unidas), cumprindo a resolução 1.701, que estipulou a trégua ao conflito iniciado no dia 12 de julho.

O Exército israelense transferiu nesta quarta-feira metade das zonas que ocupava à Unifil, informou um porta-voz militar.

A Unifil deve passar em seguida o controle ao Exército libanês. Questionado sobre o prosseguimento da retirada, o porta-voz disse que o processo se desenvolverá por etapas.

A princípio, toda a operação deveria durar alguns dias, mas tudo dependerá da capacidade da Unifil e do Exército libanês de assumir o controle do conjunto do sul do Líbano.

Os primeiros oficiais da Décima Brigada de Infantaria do Exército libanês, com 2.500 homens, chegaram nesta quinta-feira à cidade de Marjayun (sul) e se deslocarão nas próximas 24 horas ao longo da fronteira com Israel.

"Devemos nos deslocar nas próximas 24 horas ao longo da Linha Azul, traçada pelas Nações Unidas entre Líbano e Israel", declarou o general Charles Chijani.

O quartel de Marjayun, a sete quilômetros da fronteira israelense, deve ser a sede da força internacional que será enviada pela ONU à região.

"Esta é a primeira vez desde 1968 que o Exército libanês volta a Marjayun. Estamos muito felizes com esta operação, pois é nosso país", disse o general Chijani.

O Exército perdeu progressivamente o controle das regiões de fronteira com Israel a partir de 1968, primeiro em benefício dos combatentes palestinos até a invasão israelense de 1982 e, depois, das milícias xiitas que combatiam Israel.

Conflito

A resolução 1.701, adotada na sexta-feira (11) pelo Conselho de Segurança da ONU, estipula o fim das hostilidades entre Israel e o Hizbollah. Também exige a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano e o posicionamento do Exército libanês e da Unifil.

O texto determina que o Líbano acelere o processo de desarmamento do Hizbollah e exerça sua autoridade em todo o país.

O conflito entre as forças israelenses e os combatentes do Hizbollah deixou mais de 1.200 mortos (mais de mil libaneses e cerca de 200 israelenses), um milhão de deslocados e bilhões de dólares em prejuízos. No sul do Líbano ainda há corpos sob os escombros --ontem , foram retirados mais de 40 corpos.

O estopim do conflito foi o seqüestro de dois soldados israelenses pelo Hizbollah --a ação deixou ainda oito soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos. Durante 34 dias, Israel atacou o território libanês por terra, ar e mar. O Hizbollah também lançou mais de 4.000 foguetes contra o norte de Israel.

Volta

Um denso fluxo de veículos, com milhares de pessoas deslocadas pela guerra, continuou nesta quinta-feira, pelo quarto dia consecutivo, a viagem de retorno ao sul do Líbano.

Os automóveis e caminhões carregados de civis dividem as estradas com os comboios militares do Exército libanês.

No entanto, o tráfego parece menos denso que nos primeiros dias graças à reparação de várias pontes ou à instalação de passarelas metálicas, como em Qasmiyeh, sobre o rio Litani, perto do litoral do Mediterrâneo.

Porém, o trânsito permaneceu lento nos locais com estradas ou pontes avariadas.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou na quarta-feira que pelo menos meio milhão de libaneses deslocados pelo conflito entre Israel e o Hizbollah começaram a voltar ao sul do país com o fim dos combates na segunda-feira.

O fluxo chegou a praticamente paralisar a rede de estradas do Líbano. O percurso entre Beirute e Tiro, de 83 quilômetros, feito normalmente em uma hora, durava mais de 12.

Desde 12 de julho, quase um milhão de pessoas foram deslocadas pelo conflito.

Aeroporto

Um vôo comercial da companhia Middle East Airlines chegou nesta quinta-feira ao aeroporto de Beirute, proveniente de Amã (Jordânia), interrompendo um bloqueio de 36 dias imposto por Israel.

Foi o primeiro vôo a chegar ao aeroporto internacional Rafik Hariri desde o dia 13 de julho.

O Comando da Retaguarda do Exército israelense recomendou nesta quinta-feira aos residentes de várias localidades do norte de Israel que se protejam em abrigos e quartos blindados, diante da iminência de um possível ataque.

Os moradores das localidades de Safed, Rosh Pina, Hatzor Haglilit, Kiryat Shmona e outras áreas da Galiléia foram orientados a procurar os abrigos, segundo um comunicado do Comando, divulgado pela rádio pública israelense.

Desde o início do cessar-fogo houve alguns conflitos isolados entre Israel e o Hizbollah.

Dois mil foguetes disparados pelo Hizbollah ainda não foram localizados no norte de Israel, segundo a polícia israelense.

Centenas de policiais vasculharão áreas do norte do país na próxima semana, em busca de foguetes e restos de bombas.

O comandante do Distrito Norte da Polícia, Dan Ronen, informou que na região de Yaara, na quarta-feira, foram encontradas bombas que, se tivessem explodido, poderiam ter causado uma tragédia.

Muitos cidadãos do norte do país têm chamado os serviços de emergência nos últimos dias para informar sobre objetos suspeitos que encontraram ao voltar para suas casas.

Com agências internacionais

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