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20/08/2006 - 12h02

Israel rejeita envio imediato de tropas libanesas para fronteira

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da France Presse, em Jerusalém
da Folha Online

O ministro israelense da Defesa, Amir Peretz, anunciou neste domingo que Israel impedirá o deslocamento do Exército libanês nas áreas mais próximas à fronteira enquanto as tropas do Líbano não forem apoiadas por uma força multinacional.

"Continuaremos impedindo que o Exército libanês se movimente a menos de dois quilômetros da fronteira antes da mobilização de uma força multinacional", declarou Peretz durante reunião do Conselho de Ministros, segundo uma fonte oficial.

Peretz advertiu também que as Forças Armadas devem se preparar "para um segundo turno" contra o grupo terrorista libanês Hizbollah, informaram fontes do governo.

"Não permitiremos em nenhum caso que o Hizbollah [grupo terrorista libanês] se aproxime da fronteira", acrescentou o ministro.

A aviação de Israel sobrevoou neste domingo o vale do Bekaa, onde um comando israelense perdeu um oficial neste sábado, anunciou a polícia libanesa.

Os aparelhos israelenses também sobrevoaram a fronteira entre Líbano e Síria, na região leste libanesa.

Israel executou uma operação na manhã de sábado perto de Baalbeck, durante a qual um oficial morreu e dois ficaram feridos.

Após conseguir um cessar-fogo entre as duas partes, a ONU se comprometeu a cooperar com o Exército libanês para que este exerça sua soberania no sul, em substituição aos combatentes do Hizbollah. Por isso, a instituição decidiu aumentar de 2.000 para 15 mil suas tropas na fronteira entre o Líbano e Israel, uma meta cuja concretização ainda parece distante.

O comandante das Forças Armadas de Israel, general Dan Halutz, afirmou aos ministros de Estado que Israel "ganhou por pontos, não por nocaute" na guerra contra o Hizbollah.

A oposição parlamentar lembrou ao general que os dois soldados israelenses capturados por integrantes do Hizbollah --fato que detonou o conflito, cujo fim foi acertado há cerca de uma semana pela resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU, após mais de 30 dias de hostilidades-- ainda não foram recuperados.

Além disso, parlamentares da direita nacionalista disseram que os combatentes xiitas continuam mantendo arsenais de foguetes e mísseis --quase 4.000 foram disparados contra a população do norte de Israel.

Halutz, fortemente criticado por sua atuação à frente das Forças Armadas durante os confrontos, prometeu aos ministros que todas as queixas e protestos, especialmente dos reservistas, serão atendidas, pois não há "nada para ocultar".

Em referência à comissão que o ministro Peretz designou para estudar o comportamento das Forças Armadas, Halutz disse que "até o último soldado" será investigado, inclusive ele mesmo.

A comissão, que realiza sua primeira reunião hoje, terá três semanas para apresentar seu relatório --que não incluirá a atuação pessoal de membros do governo-- e suas conclusões.

Quebra da trégua

A maioria dos membros do governo do primeiro-ministro Ehud Olmert também justificou a operação da Unidade de Observação do Estado-Maior, na madrugada deste sábado, nas imediações da cidade de Baalbek, no Líbano, "para impedir a transferência de armas" ao Hizbollah.

A maioria dos ministros destacou, contrariamente à opinião do governo libanês e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que a operação não foi uma violação do cessar-fogo por parte de Israel.

O ministro de Turismo, Isaac Herzog, disse aos jornalistas que "o Líbano não cumpriu a maioria das condições da resolução 1.701", que foram estipuladas pelos dois países envolvidos no conflito e possibilitaram o cessar-fogo com o Hizbollah.

O grupo xiita, que segundo essa resolução teria que deixar de operar paralelamente ao Exército do Líbano, continua recebendo armas e munição, "portanto, Israel tem o direito e o dever de atuar contra ele" para se defender, acrescentou Herzog.

"Nós não violamos a resolução 1.701, pois ela contém ordens muito claras, como impedir a transferência de armas ao Hizbollah pela Síria e pelo Irã. Isto é visto como algo tão grave que o Conselho de Segurança ordenou o embargo, o que deve ser aplicado", ressaltou Herzog.

As exigências do Líbano contra Israel "são absurdas", segundo o ministro de Comunicações, Meir Sheetrit. "Dizem que não têm intenções de desarmar o Hizbollah, que aceitam que a milícia esconda suas armas e não impedem que continue recebendo-as. O que devemos fazer, fechar os olhos?", questionou Sheetrit.

Preocupações

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse neste sábado que está "profundamente preocupado" com a violação, por parte de Israel, do cessar-fogo no Líbano.

Annan já havia recebido um telefonema de Ehud Olmert, que defendeu a incursão dos comandos israelenses contra um bastião do Hizbollah.

"O secretário-geral está profundamente preocupado com uma violação pelo israelenses do cessar-fogo tal como estabelecido pela resolução 1.701 do Conselho de Segurança", disse o porta-voz de Annan em um comunicado.

Olmert tentou explicar a Annan que o objetivo era evitar que o Hizbollah fosse reabastecido com armas e munição. Segundo ele, é necessário reforçar a supervisão na fronteira do Líbano com a Síria, de onde supostamente estariam entrando armas para o grupo terrorista.

O líder da ONU não ficou satisfeito com as explicações. "Todas estas violações da resolução 1.701 do Conselho de Segurança ameaçam a frágil calma alcançada depois de muitas negociações e minam a autoridade do governo do Líbano", acrescentou o comunicado.

"O incidente envolveu um ataque israelense no leste do Líbano neste sábado. De acordo com a Unifil [Força Interina das Nações Unidas no Líbano], também houve várias violações aéreas por um avião militar israelense", acrescentou o comunicado.

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