NOSSOS
COLUNISTAS

Amir Labaki
André Singer
Carlos Heitor Cony
Carlos Sarli
Cida Santos
Clóvis Rossi
Eduardo Ohata
Eleonora de Lucena
Elvira Lobato
Gilberto Dimenstein
Gustavo Ioschpe
Helio Schwartsman
José Henrique Mariante
Josias de Souza
Kennedy Alencar
Lúcio Ribeiro
Luiz Caversan
Magaly Prado
Marcelo Coelho
Marcelo Leite
Marcia Fukelmann
Marcio Aith
Melchiades Filho
Nelson de Sá
Régis Andaku
Rodrigo Bueno
Vaguinaldo Marinheiro

Josias de Souza
josias@uol.com.br
  6 de junho
  NeoFHC
  A verdade é que restaram poucos de nós. Andávamos, de resto, meio desanimados. Era nítido o êxito da estratégia que conduzia à exclusão sem culpa. Mas eis que a conquista de um novo combatente, semana passada, tonificou o moral da tropa.
Com a adesão de FHC, agora somos quatro ou cinco os que ainda resistimos ao avanço do neoliberalismo no Brasil. Digo quatro ou cinco por que há dúvidas quanto ao posicionamento de dona Ruth.
Nem todos põem a mão no fogo por ela.
Mas o que importa é que, em Berlim, longe do Malan, FHC bandeou-se, finalmente, para o nosso lado. O presidente está convertido. Ou seria uma reconversão. Bom, sei lá. O fato é que as palavras de Sua Excelência como que ressuscitaram o velho FHC, aquele professor de esquerda que ele trazia enterrado dentro de si.
De volta, FHC diz que “há limites sociais nas políticas de ajuste”. Vai mais longe. Acha que é preciso emitir “sinais mais palpáveis de melhoria de condição de vida da população”.
Em Paris, dando seqüência à sua viagem ao passado, FHC mostrou-se encantado com a política francesa de redução da jornada de trabalho. Defendeu o debate do tema no Brasil.
O diabo é que o presidente retorna nesta terça-feira ao Brasil. É preciso evitar, a todo custo, que beba novamente da água do Alvorada. E, sobretudo, que volte a se encontrar com o Malan.
No esforço para distanciar FHC do governo dele, vale qualquer expediente. Imagino, por exemplo, uma ação espetacular, para resgatá-lo. O plano teria três fases:
1) Invadiríamos a Base Aérea de Brasília. Irritado com o FMI, que não deixa o governo liberar dinheiro para consertar os aviões da FAB, o comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, deixaria o cadeado do portão aberto;
2) Ficaríamos escondidos na sala de autoridades. No momento próprio, ocuparíamos o avião presidencial, antes que FHC tivesse a oportunidade de pisar o solo brasiliense.
3) Após o reabastecimento da aeronave, FHC seria conduzido, com ou sem a dona Ruth, para uma dessas comunidades alemãs do Sul do país, de onde comandaríamos a resistência.
Alguém poderá perguntar: mas por que uma comunidade alemã? Ora, como não se sabe exatamente o que levou à conversão, o melhor é expor FHC a uma atmosfera próxima daquela em que se deu o milagre, improvisando aqui uma Berlim estilizada.
Talvez convenha manter FHC sob observação. Só por alguns dias. O seguro, como se diz, morreu de velho.
Comprovado o renascimento, pode-se providenciar a montagem do programa de governo do terceiro mandato. Se até o Fujimori conseguiu...


Leia colunas anteriores

30/5/2000 - Forças Armadas e (talvez) Corruptas
23/5/2000 - A locomotiva do atraso
16/5/2000 - Fernando Henrique para presidente
09/5/2000 - Escritura
02/5/2000 - Imundicíe

 


| Subir |

Biografia
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A - Todos os direitos reservados.