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verdade é que restaram poucos de nós. Andávamos, de resto, meio desanimados.
Era nítido o êxito da estratégia que conduzia à exclusão sem culpa.
Mas eis que a conquista de um novo combatente, semana passada, tonificou
o moral da tropa.
Com a adesão de FHC, agora somos quatro ou cinco os que ainda resistimos
ao avanço do neoliberalismo no Brasil. Digo quatro ou cinco por que
há dúvidas quanto ao posicionamento de dona Ruth.
Nem todos põem a mão no fogo por ela.
Mas o que importa é que, em Berlim, longe do Malan, FHC bandeou-se,
finalmente, para o nosso lado. O presidente está convertido. Ou seria
uma reconversão. Bom, sei lá. O fato é que as palavras de Sua Excelência
como que ressuscitaram o velho FHC, aquele professor de esquerda que
ele trazia enterrado dentro de si.
De volta, FHC diz que “há limites sociais nas políticas de ajuste”.
Vai mais longe. Acha que é preciso emitir “sinais mais palpáveis de
melhoria de condição de vida da população”.
Em Paris, dando seqüência à sua viagem ao passado, FHC mostrou-se
encantado com a política francesa de redução da jornada de trabalho.
Defendeu o debate do tema no Brasil.
O diabo é que o presidente retorna nesta terça-feira ao Brasil. É
preciso evitar, a todo custo, que beba novamente da água do Alvorada.
E, sobretudo, que volte a se encontrar com o Malan.
No esforço para distanciar FHC do governo dele, vale qualquer expediente.
Imagino, por exemplo, uma ação espetacular, para resgatá-lo. O plano
teria três fases:
1) Invadiríamos a Base Aérea de Brasília. Irritado com o FMI, que
não deixa o governo liberar dinheiro para consertar os aviões da FAB,
o comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, deixaria
o cadeado do portão aberto;
2) Ficaríamos escondidos na sala de autoridades. No momento próprio,
ocuparíamos o avião presidencial, antes que FHC tivesse a oportunidade
de pisar o solo brasiliense.
3) Após o reabastecimento da aeronave, FHC seria conduzido, com ou
sem a dona Ruth, para uma dessas comunidades alemãs do Sul do país,
de onde comandaríamos a resistência.
Alguém poderá perguntar: mas por que uma comunidade alemã? Ora, como
não se sabe exatamente o que levou à conversão, o melhor é expor FHC
a uma atmosfera próxima daquela em que se deu o milagre, improvisando
aqui uma Berlim estilizada.
Talvez convenha manter FHC sob observação. Só por alguns dias. O seguro,
como se diz, morreu de velho.
Comprovado o renascimento, pode-se providenciar a montagem do programa
de governo do terceiro mandato. Se até o Fujimori conseguiu...
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