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5 de janeiro de 2001

  Cassação para Eurico Miranda
Ele já havia dado todos os sinais de que algum dia poderia causar confusão da grossa, até mesmo com morte de gente. Mas valeu a tradição brasileira de esperar pelas tragédias anunciadas para que alguma providência pudesse, eventualmente, vir a ser tomada em relação ao deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), presidente eleito do Vasco. O Congresso pode dar-lhe algum tipo de punição.

Afinal, o que esse deputado-cartola fez no final de 2000 ainda repercute. E muito mal. O cidadão superlotou o estádio de São Januário, só vendeu ingressos para os seus torcedores, não reservou um mísero metro quadrado para o time adversário, o São Caetano. Extrapolou todas as malandragens e jeitinhos em um campeonato brasileiro que já acumulava recordes de indecência.

"Tudo bem! Ele está defendendo o Vasco! Os outros dirigentes é que deveriam se comportar dessa forma", dizíamos nós santistas. Ouvi corintianos, também com o clube numa crise danada, revelar opinião semelhante, na linha "ele exagera, mas defende os dele!".

Na parte que cabe aos santistas, prefiro continuar no jejum de títulos a ter um dirigente com a mentalidade de Eurico Miranda no clube. O mais grave é que, além das trapalhadas e malvadezas no futebol, esse cidadão é deputado federal.

Deveria ser o primeiro a dar o exemplo de respeito à lei e de solidariedade quando o alambrado em São Januário cedeu devido à superlotação e dezenas de pessoas se feriram. Mas preferiu, com a truculência habitual, retirar feridos do campo de qualquer jeito para tentar recomeçar a partida. Na sequência, xingou o governador, dando uma de machão com a providencial imunidade parlamentar nas costas. Punição ou suspensão da imunidade parlamentar é pouco para Eurico Miranda. Ele merece a cassação por, no mínimo, quebra do decoro parlamentar.

Futebol não deve ser visto como um símbolo nacional sujeito a todo tipo de patrulhamento nacionalista e político. Patriotada é duro de engolir. As ligas devem ser independentes do governo e ter liberdade para se organizar. No entanto, se não der para nos livrarmos da CBF e do Clube dos 13, que já deram mostra de incompetência e de relação incestuosa com empresas, poderíamos punir um deputado-cartola que é exemplo de tudo o que não deve ser regra no futebol.






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