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  12 de junho
  Ciência em Dia
  DNA põe a pena de morte no banco dos réus
Que Era Atômica que nada. Internet? Pode deletar. O século 21, ao menos do ponto de vista estreito do último ano do 20, será da dupla hélice de DNA.
O poder simbólico desse ícone da ciência da vida e da biotecnologia, entronizado em 1953 por James Watson e Francis Crick, é perturbador. Tanto virou sinônimo de verdade objetiva e identidade irrefutável que está abalando um dos esteios da "civilização" norte-americana, nada menos que a pena de morte. O mais recente relato jornalístico sobre esse terremoto científico-legal está na capa da revista Newsweek desta semana.
DNA quer dizer ácido desoxirribonucléico, a substância-suporte do código genético de todas as espécies biológicas (como o papel e a tinta da escrita). Longas cadeias de "letras" A, T, C e G (bases nitrogenadas) especificam, nos genes, o repertório de 100 mil proteínas que o corpo humano pode usar para sua própria constituição e manutenção.
Cada homem ou mulher partilham 99,9% do DNA com o restante da espécie, mas esse 0,1% de divergência -6 milhões num total de 6 bilhões de caracteres- é o bastante para identificar uma pessoa com grau de certeza em geral muito superior ao das provas usadas num tribunal.
Tecidos e fluidos corporais, como sangue e sêmen, podem assim contribuir para provar ou excluir a autoria de um crime. Nos Estados Unidos, nada menos do que 87 pessoas escaparam da pena de morte graças a testes de DNA, que comprovaram sua inocência. O problema é que isso ocorreu depois de terem sido condenados à morte, já na fase das apelações e recursos.
A pergunta que a opinião pública norte-americana se faz, apesar de ser 73% favorável à pena capital, não poderia ser outra: E se eles tivessem sido executados? Quantos já não terão sido, sem meios de provar sua inocência?
Seria mais correto fazer do século 21 o início da era da proteômica, não da genômica. Proteínas são os verdadeiros atores da vida, não os genes (para prosseguir na imagem teatral, o DNA contém o texto da peça e a encenação cabe ao elenco de proteínas). No entanto, se essa usurpação for o preço a pagar para ver a interrogação científica corroer uma instituição bárbara como a pena de morte no país mais rico e poderoso do mundo, tudo bem.
Viva a era do DNA.

Transgênicos: efeito borboleta 2

Por falar em DNA, a transferência de genes de uma bactéria (Bacillus thuringiensis) para tornar plantas de milho resistentes a insetos pode não ser desastrosa para populações de borboletas, como indicara pesquisa da Universidade Cornell (EUA) no ano passado com as famosas monarcas.
Outro estudo, agora da Universidade de Illinois, traz conclusões favoráveis às culturas geneticamente modificadas. Não só o pólen transgênico de milho não mata as larvas de uma outra espécie (Papilio polyxenes) em laboratório, ao contrário do que ocorrera com as monarcas (Danaus plexippus) em Cornell, como tampouco em condições de campo o pólen do milho Bt foi capaz de afetar a mortalidade das lagartas.
Resta saber se a nova experiência, publicada na prestigiada revista da academia norte-americana de ciências ("PNAS"), terá a mesma repercussão do estudo com as monarcas. A propósito, leia reportagem da Folha sobre a pesquisa.

Site da semana

Se você está precisando de uma revisão de conceitos básicos de genética, como o que é DNA ou como ele se organiza em cromossomos, vá até a página educativa da Celera Genomics, empresa que está para anunciar o sequenciamento (leitura) do genoma humano.
Você vai precisar do software Flash para baixar e rodar a animação, mas a página da Celera traz o link necessário para o download, que dura um minuto.

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