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Gases como o carbônico (CO2, ou dióxido de carbono), produzidos
na queima de combustíveis fósseis, que aprisionam radiação solar
na atmosfera terrestre, aquecendo-a como num viveiro de plantas
(daí a expressão "efeito estufa")
Para
crescer, árvores fazem fotossíntese e retiram CO2
da atmosfera, enfraquecendo o efeito estufa. Os EUA defendiam incluir
suas florestas entre os "sumidouros de carbono", para
livrar-se de parte dos cortes que estão obrigados a fazer
Kyoto, QI de ameba e o clima
Até hoje recebo mensagens de leitores desta coluna e/ou eleitores
de Paulo Maluf irritados com o texto de 2
de outubro, em que falava do QI de amebas. Mensagens como a de
Leory:
"Quando entramos no seu site queremos apenas ciência. A
suja política é assunto para outros colunistas em outras
colunas".
Concordo com a irritação, justa, mas não com
a conclusão. E o fracasso da reunião sobre o clima mundial,
encerrada sábado em Haia, é a melhor prova de que ciência
e política andam juntas, sim. Cada vez mais.
Os delegados de 185 países reunidos na cidade holandesa tinham
a incumbência de formular as regras práticas para o cumprimento
das metas fixadas há três anos, no Japão, para
combater a mudança climática. Pelo chamado Protocolo
de Kyoto, países desenvolvidos deveriam, até 2012,
cortar 5,2% em média de suas emissões de gases-estufa.
Deu em nada. Após duas semanas de negociações
enervantes, em que houve até torta de creme lançada
na cara do negociador-mor dos Estados Unidos, Frank Loy, tudo que
os delegados conseguiram foi adiar a discussão para maio. A
conferência naufragou na incapacidade
de EUA e União Européia chegarem a um acordo sobre
o papel das florestas.
Se a torta foi ou não uma sujeira política, fica para
outros discutirem. Interessa é chamar a atenção
para o fato de que esse impasse só pôde prosseguir -primeiro
em Buenos Aires e agora em Haia- por causa da inapetência e
da ignorância científica por parte do público.
Dito de outro modo: o descaso com as previsões da melhor ciência
-que o mundo vai aquecer-se até 6 graus Celsius e o mar, elevar-se
até 75 cm, em cem anos- tem consequências políticas.
Planetárias.
A Amazônia, maior floresta tropical do globo, está bem
no
centro desse debate. Você faz alguma idéia de qual
é a posição do governo
brasileiro a respeito disso, que pontos de vista defendeu em Haia?
Imagem da semana
Divulgação/INPE
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RAIO
COM HORA MARCADA - Na foto da esquerda, foguete é
lançado de uma base do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais) em Cachoeira Paulista (SP) em direção
a uma nuvem de tempestade, deixando um rastro no céu.
À direita, segundos depois, raio atinge o foguete e a
descarga elétrica percorre um cabo (parte reta da trajetória).
Ao alcançar um isolante, volta a um percurso aleatório
em direção ao solo. Foi o primeiro raio artificial
do mundo em área tropical. Leia mais sobre a pesquisa
do Inpe na reportagem de Salvador
Nogueira para a Folha. |
Site da hora
A revista norte-americana "Science"
vem publicando uma série bem pluralista de ensaios
sobre ciência e sociedade. Um dos textos é do escritor
best seller Michael
Crichton, autor de "Parque Jurássico" (que deu
origem ao filme).
Se o leitor me permite um instante de corporativismo, pretendo concordar
com Crichton quando diz que não são jornalistas que
não entendem cientistas (o que pode até acontecer),
mas vice-versa. Ele dá a seguinte bronca nos pesquisadores:
"Esse é um grande campo [o da ciência natural],
com grandes talentos e grande poder. É tempo de assumir seu
poder e encarar a responsabilidade de fazer sua mensagem chegar ao
mundo em expectativa. Não é tarefa de ninguém
mais, só sua. E ninguém pode realizá-la tão
bem quanto você."
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