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  23 de dezembro
 

Jesus Cristo é cada vez mais "superstar"

 
Cerca de cinco anos atrás (pouco mais, pouco menos), eu e alguns amigos fomos levados pelo generoso jornalista, compositor e escritor Nelson Motta a uma igreja protestante do Harlen, Nova York, que depois ficaria famosa entre os brasileiros por "culpa" do próprio Nelson.

Trata-se da igreja batista Mount Moriah, cujo sensacional coral ganhou um disco produzido pelo Nelsinho, veio para o Brasil em excursão mais de uma vez e demonstrou por aqui como o amor a Cristo e a alegria em sua devoção são perfeitamente compatíveis.

Nos cultos dominicais da igreja novaiorquina, ao som do coral, os fiéis cantam, dançam e expressam toda a sua fé de uma maneira inequívoca, contagiante e sobretudo feliz.

À saída da igreja, eu, o próprio Nelson e o jornalista Matinas Suzuki Jr. fazíamos uma comparação entre o que tínhamos presenciado e o vetusto, comportado e até mesmo opressivo culto da igreja católica, em suma, a missa tão conhecida da maioria dos brasileiros.

Houve consenso entre nós de que era por causa justamente daquela "caretice" toda da ritualística católica que estava surgindo cada vez mais espaço para as igrejas, ou mesmo as seitas, de orientação protestante, que obviamente também reverenciam o Cristo, mas transformaram seus cultos em uma espécie de programa de auditório.

Mas é o mesmo Cristo, que sempre arrebanhou o maior número de fiéis no mundo (são cerca de 1,9 bilhão hoje, contra 1,4 bilhão de seguidores do islamismo, de um total de cerca de 6 bilhões de seres humanos sobre o planeta).

Essas idéias vêm à mente obviamente inspiradas por este Natal tão simbólico (afinal, são 2.000 anos!) e levam à seguinte conclusão: a popularidade de Cristo, às portas de seu segundo milênio, talvez nunca tenha estado tão em alta, principalmente no Brasil.

Isso porque, entre outros motivos, a Igreja Católica deu a volta por cima, atualizou-se, abriu espaço para fenômenos como o padre Marcelo Rossi e companheiros seus de outros Estados (como padre Chico e Padre Zeca, no Rio, e muitos outros espalhados pelo Brasil), que estão transformando Jesus Cristo num verdadeiro "superstar".

Ele já o foi, é bom que se diga, no popular filme "Jesus Cristo Superstar", de Norman Jewison, que estreou em 1973. Mas sua presença nas telas era muito mais uma maneira de aquela geração protestar contra os valores predominantes, criticar o poder e os poderosos, contestar enfim, do que uma forma de reverência cristã.

Agora, não: Cristo está nas paradas de sucesso, nas TVs e na mente de milhares de brasileiros. Não apenas dos protestantes, que aumentam a cada dia, sim, mas na dos católicos que resolveram se extroverter, cantar, dançar e mostrar alegria, provocados pela postura animada, "pra cima" do padre Marcelo Rossi.

No entanto, se a gente for pensar bem, não deixará de concluir que está diante de uma enorme contradição: ao mesmo tempo em que Cristo está em dezenas de canais de TV, nas camisetas dos jogadores de futebol, em CDs, aglomerações humanas etc., talvez nunca como agora os valores cristãos mais caros -fraternidade, solidariedade, generosidade, justiça, tolerância e amor ao próximo, entre outros- estiveram tão em baixa.

Basta dar uma volta nas ruas de qualquer grande cidade brasileira para constatar isso. Sem querer ser chato, ouso uma pergunta: será que essa gente toda está mesmo preocupada com os ensinamentos do Cristo ou quer apenas salvar a própria alma, resolver seus problemas materiais ou uma mãozinha para se dar bem nessa vida terrena mesmo?

* O espírito natalino conquistou mesmo esta coluna. Tanto que o nosso Besteirol da Internet desta semana é inteiramente dedicada ao "jingoubel".

Clique na palavra assinalada e conheça:

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E, falando sério, como se deseja Feliz Natal em diversas línguas

Divirta-se e Feliz Natal!

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