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7 de setembro |
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Concentração
de terras cresce e violência no campo aumenta |
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Aumentou a concentração
de terras no Brasil. A área ocupada pelas grandes propriedades (acima
de 2.000 hectares) cresceu o equivalente ao território da França (56,2
milhões de hectares), entre 1992 1998. A fatia do latifúndio passou
de 39% para 43%.
Os dados são de estudo elaborado pela Universidade Estadual de Campinas
a partir de números oficiais do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária. O mesmo trabalho constatou um avanço de 37% na
ociosidade das terras, apurou a repórter Daniela Nahass.
A área ocupada pelas pequenas propriedades (até 100 hectares) também
cresceu, mas sua participação no total dos imóveis rurais caiu de
18% para 16,5%. O ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário)
disse que os números não refletem a realidade, mas também não apontou
novas estatísticas.
Parece que o fantasma das capitanias hereditárias ainda paira sobre
o país, quase 500 depois. O pior é verificar que a situação de desigualdade
se aprofunda.
Muitos podem dizer que o modelo econômico beneficia a grande propriedade
e condena o minifúndio ao fracasso. Os grandes seriam eficientes e
teriam escala para investir e produzir mais com menor custo. Os pequenos
seriam sempre um entrave à produtividade crescente.
Pode ser verdade. Mas não há país que tenha crescido para valer sem
ter enfrentado a questão da distribuição de terra. Pelo mundo, as
reformas agrárias já são centenárias. Por isso mesmo, há os que julgam
que perdemos o bonde da redistribuição no campo.
Mas já faz tempo que o argumento em favor da reforma agrária deixou
de ser o econômico. Ele é basicamente social. Está fundamentado na
busca da distribuição de renda e na necessidade de desafogo das cidades.
Agora, o estudo feito em Campinas parece demonstrar que estamos na
contramão da reforma agrária _apesar de toda a propaganda do governo.
No mesmo dia em que a Unicamp divulgou o seu trabalho, a Comissão
Pastoral da Terra mostrou o outro lado da mesma realidade rural. De
acordo com o relato do repórter Vasconcelo Quadros, entre 1991 e o
início de setembro deste ano, 370 agricultores foram assassinados.
Só neste ano, foram 22.
Desde 1985, foram 1.180. Este número, em 16 anos, é quatro vezes maior
do que o de mortos e desaparecidos durante o regime militar. É de
estarrecer, não?
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