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14 de setembro |
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Percepção
de corrupção cresce no Brasil; miséria não arreda pé |
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A corrupção
cresceu no Brasil. Esta foi a conclusão de levantamento realizado
pela ONG Transparência Internacional. O país piorou sua posição no
ranking mundial no último ano. É considerado mais corrupto, por exemplo,
do que Peru, Chile e El Salvador.
Depois do escândalo no governo Collor, quando o presidente caiu envolto
em denúncias de corrupção, parecia que o país estava mais limpo, de
alma lavada. A onda de civismo criada naquele momento podia ser vista
como um antídoto contra novos desmandos.
Outros episódios estouraram: falcatruas no Congresso, em prefeituras,
em privatizações. Até o mais recente caso Eduardo Jorge. Como nada
foi apurado e "passado a limpo" até o fim, a névoa da putrefação só
pode ter aumentado.
A entidade que divulgou o estudo destaca que o Brasil não tem uma
política de combate à corrupção. Nota apenas o trabalho mais aguerrido
do Ministério Público _instituição que, por causa de sua atuação independente,
tem sido alvo de ataques dos poderosos de turno.
Estranho observar que o governo federal, sempre tão preocupado com
a imagem externa do Brasil, não tenha se empenhado em atacar com mais
vigor essa frente, digamos, moral. Afinal, investidores internacionais
também prestam atenção no quesito transparência quando precisam fechar
negócios. O risco e o custo sempre são mais altos em países corruptos.
O outro lado da mesma moeda foi apontado esta semana pelo Banco Mundial.
Pesquisa mundial provou que a pobreza aumentou 20% na América Latina
entre 87 e 98 _exato período em que as reformas ditas liberais e modernizantes
foram implantadas no continente.
De acordo com o estudo, alguns indicadores sociais até melhoraram
no Brasil. Mas as iniciativas foram insuficientes para modificar a
situação de desigualdade. Como se sabe, desde os tempos de Delfim
Netto, o crescimento da economia por si só não garante vida melhor
para os pobres. O Banco Mundial, agora, reforça esta tese e pede instrumentos
de poder para os miseráveis participarem da divisão do bolo.
Corrupção e pobreza fazem parte do nosso pântano histórico. Os novos
números da Transparência Internacional e do Banco Mundial descrevem
esse lodaçal. É preciso achar uma saída.
Leia colunas anteriores
07/09/2000 - Concentração de terras
cresce e violência no campo aumenta
31/08/2000 - Governo passa o risco do
investidor para o consumidor
24/08/2000 - "Código
EJ" é tentativa tardia e fraca para atacar corrupção
17/08/2000
- Presidente não enxerga como controlar
desperdícios públicos
10/08/2000 - Caso EJ não pode ficar
na base do "nunca ouvi falar"
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