O prestigioso "Times" abre
espaço nesta semana para
Juan Pablo Montoya, o colombiano sensação da Indy que será piloto da Williams no próximo ano.
Não, o jornal inglês não descobriu Montoya ontem. É que apenas agora os britânicos resolveram desistir de anabolizar Jenson
Button para glorificar o homem
"que vem para desafiar Michael
Schumacher e a F-1".
Sim, Schumacher parece ser o
verdadeiro problema dos ingleses,
que há anos são obrigados a engolir a arrogância do alemão e o
desempenho regular dos súditos
da rainha nas pistas da categoria.
E, se a ilha não produz talento
suficiente, o negócio é apostar nas
estrelas que os times britânicos selecionam para conduzir seus carros, caso de Montoya, em um pensamento puramente europeu,
apenas mais um sul-americano
cheio de dinheiro que resolveu
brincar de automobilismo _esporte, é claro, essencialmente britânico, pelo menos para os ingleses, donos de 70% da tecnologia
de competição no mundo.
Assim como já aconteceu com
outros pilotos de ponta, Schumacher é a bola da vez, principalmente pelo fato de estar enfrentando um escocês. Contra Hakkinen, ele era apenas um postulante
ao título. Contra Coulthard, ganha tons de facínora, talvez os
mesmos que mereceu à época do
duelo (pífio) com Hill.
Em casa em Hockenheim, onde
por pouco ele e o escocês não perderam a compostura em plena
entrevista coletiva, Schumacher
foi enfático ao acusar os jornalistas ingleses, chegando a lembrar
dos tempos de Senna, outro que
teve sérios problemas com a mídia do país da McLaren.
No caso, porém, para recordar
que nem o tricampeão mereceu
tanta perseguição por uma única
manobra, a fechada em MagnyCours, fato provocador e, ao mes
mo tempo, combustível para toda
essa polêmica, muito bem administrada por Coulthard.
O escocês, ao mesmo tempo que
mantém o rival sob a mira do público na pista, ofusca aquele que
talvez seja seu principal empecilho na luta pelo título, a clara preferência da McLaren pelo companheiro de equipe.
Na Alemanha, Schumacher se
aproveitou disso, afirmando que
Hakkinen era seu maior problema, "pelo simples fato de ser mais
rápido" que Coulthard.
E, como acontece em toda discussão, Coulthard preferiu manter seu foco, sugerindo que o
agressivo estilo de pilotagem do
rival não condiz com a condição
de principal dirigente da GPDA, a
associação dos pilotos de F-1.
Schumacher normalmente se
sai bem nessas disputas verbais.
Mas, ao contrário do que aconteceu em outros anos, a atual temporada o coloca na berlinda jus
tamente quando seu desempenho
na pista despenca.
Uma nova situação para o ferrarista que, na Alemanha, pode,
pela primeira vez no ano, perder
a liderança do Mundial. Um momento delicado e tenso do campeonato, que se reflete na ironia e
na maldade das entrevistas.
Resta saber se esse estado beligerante alcançará a pista, o que
não é interessante para o alemão
_a atual polêmica mostra que
Schumacher, vilão em 1994 e
1997, será sempre o culpado,
aconteça o que acontecer.
NOTAS
Identidade
Após a dor de barriga em
Zeltweg, o irlandês Eddie Irvine apareceu com cabelos
pintados de amarelo em Hockenheim, a exemplo do que o
canadense Jacques Villeneuve já fez um dia. Virou piada
entre os jornalistas: quem for
contra Michael Schumacher,
que pinte os cabelos.
Paternidade
Na Alemanha, o finlandês
Mika Hakkinen finalmente
confirmou que será pai em
breve. Na verdade, com a
barriga da mulher, Erja, cada
vez maior, já estava ficando
ridículo negar.
Honda
Em franca evolução, os motores japoneses estão cada
vez melhores nas classificações. Para muitos, essa foi a
única e preponderante razão
para Villeneuve assinar novo
contrato com a BAR _até a
temporada de 2003.
E-mail: mariante@uol.com.br
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