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09/11/2006 - 08h05

Itália "Particolare": Soberba, Gênova sobrevive sem turismo de massa

LANE FERNANDES
Colaboração para a Folha de S.Paulo, na Ligúria (Itália

Para conhecer bem a Ligúria, é preciso descobrir sua capital: Gênova, cidade de 800 mil habitantes, a 500 km de Roma, acariciada pelo sopro do mar e rodeada por costas rochosas e escarpadas. Ali, o viajante tem a impressão de ter entrado num grande antiquário.

Com uma história única, a capital da Ligúria nasceu por volta de 500 a.C. e, de súbito, se tornou personagem importante no tráfego marítimo do Mediterrâneo, comerciando com a Córsega, e com pontos tão distantes como Bizâncio (atual Istambul), Argélia e Síria.

Folha Imagem
Praça de Ferrari, com sua fonte e cercada por prédios
Praça de Ferrari, com sua fonte e cercada por prédios
Em torno do ano 1000, Gênova passou por contínuas transformações. Pela forte demanda da navegação e do comércio, readaptou seu espaço e sua estrutura.

Já no século 16, que alguns historiadores chamam de "o século dos genoveses", foi um tempo em que seus habitantes sobreviveram fechados. Nas mãos de Andrea Doria (1466-1560), o grande doge da então cidade-Estado, alcunhada "A Soberba" e rival de Veneza, "A Sereníssima", Gênova teve seu esplendor recuperado, depois de participar das Cruzadas e de combater invasões mouras.

Com vias estreitas e palácios suntuosos --como o palazzo Ducale, antiga casa dos doges, hoje centro cultural--, a cidade guarda um centro medieval bem conservado, mas com algumas áreas abandonadas. Um vasto percurso a ser explorado.

Seus habitantes, a quem os italianos de outras regiões atribuem uma certa pão-durice, mantêm uma obstinada atenção às tradições locais, aos hábitos deixados por seus antepassados e à culinária feita com rigor, onde reina o pesto à la genovesa, um molho à base de manjericão, queijo pecorino, azeite e pinólis. Em alguns lugares, batata cozida é colocada nesse macerado servido frio sobre a massa.

Em meados do século passado, Gênova ficou espremida entre um viaduto e a velha zona portuária, que tem monumentos como a Porta dei Vaca, do século 14.

Mas, em 2004, a cidade, escolhida Capital Cultural da Europa naquele ano, renasceu como um dos melhores exemplos de regeneração urbana em zona portuária, recuperando prédios públicos seculares da parte antiga e criando, ajudada por arquitetos como Renzo Piano, espaços urbanos e ganhando, inclusive, o maior aquário do mundo. Há muito para ver e fazer.

Para conhecê-la melhor é preciso descobrir de perto, vendo o contraste do encontro e desencontro entre o mar e as montanhas que abraçam esse território peculiar.

Hoje Gênova está despertando graças aos forasteiros, eternamente desprezados pelos genoveses. Como há tempos se fazia, muitos viajantes, artistas e escritores fincaram morada nessa cidade. Talvez tenham sido esses românticos incorrigíveis, como Byron, Balzac e Rimbaud, com sua crônicas, cartas e contos, a tornar viva essa cidade cheia de memórias.

A estranha, inesperada e nova Gênova vive em nossos dias uma certa dualidade. Recebe, além de turistas, imigrantes clandestinos que surgem, a todo instante, à procura de trabalho ou mascateando, formando comunidades que provêm principalmente do Equador, seguido de Marrocos, China, Albânia, Senegal e Nigéria.

Elas se concentram principalmente na área do porto, nas periferias e nas ruas estreitas do centro da cidade. Ali, especialmente de noite, há prostituição e tráfico de drogas. Mas há também ruas burguesas nessa área de personalidade difusa.

Gênese à genovesa

Quando imensos contingentes de italianos deixaram o país rumo à América, a partir de meados do século 19, Gênova foi o porto de saída obrigatório de todos eles. Hoje, na contramão da história da imigração, visitar a capital lígure é redescobrir uma autêntica cidade da Itália que ainda não foi invadida pelo turismo de larga escala.

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