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27/09/2010 - 09h58

Heróis sem superpoderes saem às ruas nas horas vagas para fazer o bem

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DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

À noite, Thanatos, 62, faz ronda nas ruas de Vancouver, no Canadá, vestindo sobretudo preto, chapéu e máscara verde cadavérica.

"Procuro mendigos à espera da morte e lhes dou mais um dia de vida", diz à Folha por telefone, cheio de mistérios e sem revelar a verdadeira identidade.

Ele escolheu o codinome Thanatos há três anos, inspirado no deus grego da morte. Assim, entrou para a turma dos super-heróis da vida real, um grupo que se organizou nos EUA há dez anos.

Esses mascarados não têm poderes excepcionais, mas vão às ruas para ajudar quem precisa. Thanatos, por exemplo, distribui itens como garrafas de água e comida a moradores de rua.
A tarefa dele não envolve lutar com vilões maquiavélicos, o que não quer dizer que seja moleza. Ou seguro.

"Um traficante colocou uma arma no meu estômago", conta Thanatos. "Eu estava com colete à prova de balas, então o desarmei."

O nova-iorquino Dark Guardian, 26, passou por situações parecidas. Professor de artes marciais, ele patrulha a cidade, eventualmente lutando com gangues. "Sim, pode ficar bem perigoso."

Como todo super-herói que se preze, Dark Guardian tem uma história decorada sobre sua origem. "Nunca tive modelos positivos, meu pai abusou de mim", conta. "Quis ser um exemplo para os outros, como os personagens dos quadrinhos."

Peter Tangen
legenda: super-heróis de verdade crédito: divulgação
Os superpoderosos da vida real, fotografados por Peter Tangen

Vigilantes como Thanatos e Dark Guardian ganharam destaque no ano passado, quando o fotógrafo norte-americano Peter Tangen leu sobre eles em uma revista.

Acostumado a fotografar para pôsteres de filmes como "Homem-Aranha" e "Batman Begins", Peter ficou surpreso ao saber que havia, fora do cinema, quem se vestisse para ajudar os outros.

"A necessidade do mundo por super-heróis motivou tanto os filmes quanto essas pessoas", sugere Peter, que montou o Real Life Super Hero Project (bit.ly/rlshero), com fotos desses vigilantes.

O nova-iorquino Life, 25, pensa de maneira afim. "São tempos difíceis, e as pessoas precisam de modelos."

A explicação para a necessidade de fazer isso vestindo máscaras varia de um herói para o outro. "Se eu não me fantasiasse, não me sentiria tão poderoso", afirma Life.

Já Nyx, 20, não se vê como uma personagem. A garota é heroica desde os 16 anos e diz que o uniforme é "uma extensão" de si mesma.

No Brasil, com exceção do Ciclista Prateado, o movimento não vingou.

"O super-herói é um empreendedor, um indivíduo. Essa é a história dos EUA, nosso sonho", teoriza Life.

Editoria de Arte/Folhapress
O Folhateen convidou quatro estilistas de destaque para imaginar roupas de super-heróis; confira os resultados abaixo

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DENUNCIAR CRIMES E COBRAR O GOVERNO É MAIS PRODUTIVO

Enquanto os super-heróis da vida real agem como voluntários de boas ações, tudo bem. Mas combate ao crime ou ao tráfico é complicado.

"Há o risco de que se torne um "vigilantismo", um instrumento de vingança", afirma Renato Lima, secretário-geral do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A segurança pública, aliás, é uma responsabilidade do Estado, alerta Lima. Assim como o uso da força.

"Quem é que vai definir o que é certo e o que é errado? Os heróis?", pergunta-se.

Segundo Lima, a população pode ajudar de outras maneiras -por exemplo, cobrar seus governantes.

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PERFIS HEROICOS

Divulgação
nyx

NYX

20 anos
"Tenho compulsão por moradores de rua.
Perdi meus pais quando pequena, então
quis melhorar a vida dos outros"

Divulgação
THANATOS

THANATOS

62 anos
"A razão pela qual me fantasio é que
o que estou fazendo é mais importante
do que quem eu sou na vida real"

Divulgação
DARK GUARDIAN

DARK GUARDIAN

26 anos
"A melhor parte de NY é que você pode
andar fantasiado na rua e isso não vai
ter nada de excepcional"

Divulgação
life

LIFE

25 anos
"Super-heróis começaram nos quadrinhos,
viraram filmes e então videogames. Tornarem-se
reais é sua evolução natural"

 
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