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27/10/2010 - 15h43

Carlos Dias povoa galeria com seres coloridos e surreais em mostra inédita

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MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

Personagens misteriosos, uma ave onipresente, mãos-tronco de árvores, cenário caótico. O imaginário colorido e borrado, místico e catártico do multiartista gaúcho Carlos Dias ganhou uma mostra individual e inédita, que fica hospedada na galeria Choque Cultural, na capital paulista, até 20 de novembro.

Feita basicamente de pinturas em larga escala, a exposição "Alem", como o próprio nome sugere, mostra um mundo muito além deste aqui. É o universo particular de Carlinhos ou ASA (Ao Seu Alcance), como também é conhecido, povoado por seres surreais e expressivos, que te olham no olho e provocam muito mais que curiosidade. Eles mexem com você.

As inspirações são as mais obscuras possíveis. A busca, bastante complexa. A partir da observação do comportamento humano, Carlinhos busca entender seu próprio mundo. Tarô, astrologia, macumba e psicologia junguiana, enciclopédias e revistas antigas são as fontes de estudo e inspiração. Grupo Cobra, Jean Michel Basquiat, Karel Appel, Hieronymus Bosch, Leonardo da Vinci, Pablo Picasso e Salvador Dali estão entre as referências. Na prática, tinta acrílica, canetão e até spray.

"O que me faz trabalhar com isso é o contato com as cores, o que elas proporcionam. As cores são sagradas", explica. "O pintor que fez o andar debaixo da Choque estava com um sorrisão no canto da cara quando terminou". As telas ocupam, principalmente, o térreo e o porão da galeria.

Divulgação
Pintura da exposição "Alem", de Carlos Dias, na galeria Choque Cultural crédito: Divulgação
Pintura da exposição "Alem", de Carlos Dias, na galeria Choque Cultural

Pintado de preto, o andar de cima da Choque ganhou um nome, o mesmo do ateliê do Carlinhos, Darkuarto.

Já nos últimos degraus da estreita escada, a sensação é a de entrar no cérebro da exposição.

Escolha a sala da direita e escarafunche a mente do artista, que preparou uma instalação com rascunhos, colagens, fotografias, anotações, parecida com a sua parede amarela na mostra "De dentro para fora/ De fora para dentro", exposição de arte de rua que recebeu 130 mil pessoas no Masp em novembro do ano passado.

Gente mais curiosa vai dar conta dos patuás "nonsense" pendurados pela sala. Um montinho de pinceis sujos amarrados servem de base para um cordão de enfeite com elefantinhos; uma luminária enroscada em trapos e em pedaços de couro marrom com zíperes "sai" da parede; panos retorcidos em forma de colar recaem sobre a caixinha de som.

Nas mesmas paredes pretas, reaparecem os seres surreais e coloridos, pintados no próprio concreto ou em pequenas telas. "O traço é esse, desenho autoindicado, expansivo, intuitivo, cego, automático. Penso que é um traço, uma linha, essas coisas que conectam a gente ao nosso mundo. Eu procuro uma verdade no trabalho, no traço. Experimento, tento desenhar com a outra mão. Com o pé ainda não comecei [risos]. Vivo as voltas com esse tipo de arte, esquizofrênica, de sanatório, de cadeia. Procuro deixar fluir. A gente nunca sabe o que vem, né?!".

MULTIMÍDIA

Carlos Dias, que também é músico e compositor, preparou para "Alem" um disco de 64 minutos, dividido em três trilhas com faixas de autoria de Albertinho dos Reys, seu alterego musical. É a primeira vez que ele junta essa faceta a uma exposição.

Nas últimas décadas, formou bandas como Againe, Polara e Caxabaxa, e escreveu sucessos gravados por um pessoal pop: CPM 22 e Cansei de Ser Sexy, para exemplificar.

"Hoje em dia escuto 'shuffle' sem vergonha nenhuma, lista de YouTube, qualquer coisa. E os preferidos de sempre, Sun Ra, Slayer Descendents, Miles Davis, Joan of Arc, Anti-pop Consortium. Gosto bastante de música regional, dark step, curto a banda Elma daqui de São Paulo. Ah, um monte de coisa!", conta. "Gosto também de quando consigo ficar sem escutar nada. Pra pintar, escuto bastante musica clássica, pra concentrar --Mozart porque nasceu no mesmo dia que eu [risos]".

"ALEM", DE CARLOS DIAS
QUANDO terça a sábado, das 12h às 19h
ONDE Choque Cultural (r. João Moura, 997, São Paulo, tel. 0/xx/11/3061-2365)
INGRESSOS Grátis
CLASSIFICAÇÃO Livre

 
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