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29/11/2010 - 16h11

Armas para atrair jovens, aditivos de cigarros terão uso restrito no Brasil

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TARSO ARAUJO
DE SÃO PAULO

Jeferson Balbino, 20, colocou um cigarro na boca pela primeira vez aos 17 anos. "Achei o gosto horrível, amargo, forte". Foi seu primeiro e último cigarro.

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A primeira experiência de Júlia*, 16, foi aos 15, com um cigarro diferente, de cravo e canela, adocicado. Ela continua fumando até hoje, e prefere cigarros com sabor. "É mais gostoso. E o gosto forte de fumaça fica mais suave."

Para os especialistas, o tal gostinho é uma arma importante para atrair novos fumantes. Cigarros assim, com aditivos que diminuem a sensação ruim de uma tragada, são os preferidos de 44% dos jovens de 13 a 15 anos que fumam regularmente, diz uma pesquisa do Inca (Instituto Nacional do Câncer).

"O adolescente tem que vencer a barreira do gosto ruim para se tornar fumante. Estudos da própria indústria mostram como os aditivos tornam a primeira experiência menos traumática", diz Tânia Cavalcante, especialista em tabagismo do Inca.

DIAS CONTADOS

Mas os cigarros com aditivos estão com os dias contados. No dia 20, a OMS (Organização Mundial da Saúde) aprovou uma recomendação para restringir o uso dessas substâncias nos cigarros.

No Canadá e nos Estados Unidos, elas já foram total ou parcialmente banidas. No Brasil, deve rolar o mesmo.

Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária deve abrir em seu site (anvisa.gov.br) consulta pública para formular a lei que vai restringir o uso de aditivos. Qualquer cidadão pode ajudar. Opiniões serão usadas na elaboração da lei.

"O cigarro vai ser menos atraente para o jovem. Certamente vamos reduzir a iniciação", avalia Tânia.

OUTRO LADO

Questionado sobre o assunto, Humberto Conti, gerente de ciência da Souza Cruz, diz que "nossos cigarros têm gosto de cigarro, não de chiclete, bala ou bombom. E nossa comunicação é direcionada para adultos fumantes." Os adolescentes, diz, "não representam nada para nós, nossos produtos não são para eles".

ARTIMANHAS DA INDÚSTRIA

Após processos nos anos 80 e 90, empresas de tabaco foram obrigadas a tornar públicos documentos sigilosos. Veja o que diziam sobre aditivos e adolescência:

"Várias crianças, quando começam [a fumar], não gostam do sabor do cigarro e começam a tossir. Mas um cigarro com sabor, digamos cereja, pode parecer melhor"
Brown & Williamson, 1984

"Os realçadores do tabaco de chocolate, baunilha e licor são alguns dos mais excitantes e promissores desenvolvidos nos últimos anos. (...) Parecem ter apelo significativo entre fumantes de 18 a 24 anos e esse é obviamente o grupo que nós queremos desesperadamente"
RJR Tobacco Company, 1985

"É bem sabido que adolescentes gostam de coisas doces. Mel deve ser considerado"
Brown & Williamson, 1984

Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress
Os problemas dos aditivos
 
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