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Crítica - Comédia

Hugo Possolo atualiza enredo e destaca-se na montagem de 'O Burguês Fidalgo'

MARCIO AQUILES DE SÃO PAULO

Encenar comédias de autores consagrados pelo cânone é tarefa árdua. Há dois caminhos prováveis: fidelidade ao texto original ou atualização.

Os Parlapatões escolheram o entremeio para montar "O Burguês Fidalgo", do autor francês Molière (1622-1673).

A revitalização da peça é feita por meio de inserções textuais ligeiras, piadas de efeito imediato que relacionam o cotidiano contemporâneo com a sátira do século 17, mas que não deturpam a dramaturgia original.

Alusões à vida moderna são introduzidas sem apartes, coladas ao texto de Molière de modo sutil.

Perfeito, não fosse a comicidade oriunda quase que exclusivamente de Hugo Possolo, protagonista e diretor do grupo. Interpretando Senhor Jordain, o personagem do título, ele acumula para si as melhores tiradas.

Palhaço nato, Possolo destoa dos outros atores, pois é muito mais efetivo tanto em extrair graça das gags criadas por ele quanto dos diálogos espirituosos de Molière. Rápido, com tempo de comédia exato, está em sua plenitude.

Sem ele no foco, porém, a encenação perde a força.

O debate entre os professores de música, de dança, do mestre de esgrima e do filósofo em torno da soberania de suas disciplinas, um dos pontos altos da peça, carece de potência dramática.

O figurino de Cássio Brasil não enche os olhos, mas foi elaborado de acordo com a proposta: mescla a pompa aristocrática de vestidos de época com a extravagância de perucas feitas de fitas de vídeo e acessórios do dia a dia.

Pequenos detalhes de maquiagem combinam a realidade clownesca do grupo com a paródia à fidalguia.

A comédia-balé tem vários números musicais, funcionais para quem pretende breve distração. Mas a estrela está mesmo em Possolo. Como Molière, que dirigiu e atuou nesta peça, chama para ele a responsabilidade do todo.


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