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Crítica - Drama

'Grigris' retrata dureza da vida africana com estilo seco, mas cheio de energia

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

Das várias razões para ver "Grigris", a menor delas não é, certamente, seu ator principal. Souleymane Démé, o dançarino Grigris do filme, foi um menino que teve uma das pernas afetada por uma injeção mal aplicada, que pegou seu nervo ciático. Sem ceder à paralisia, Démé tornou-se um fantástico dançarino que sensibilizou o diretor Mahamat-Saleh Haroun.

O centro do filme é, justamente, um enorme desejo de sobrevivência que mobiliza os personagens. Esse desejo é expresso nos contrabandistas que trazem gasolina de Camarões para vender em N'Djamena, capital do Chade. Mas o encontro com Démé determinou a mudança no filme e nuançou o tom da ideia inicial, em que o "thriller" policial poderia se impor.

Também o encontro com a bela Anaïs Monory, que faz a prostituta Mimi. A atriz fornece um dos grandes achados do filme, na surpreendente cena em que tira a peruca.

Mais do que tudo, existe o estilo seco e límpido desse cineasta, ganhador do Grande Prêmio do Júri em Cannes 2010 e um dos principais da África no momento. Trabalhando numa cidade (num país, num continente?) onde parecem escassear os empregos legais, Haroun consegue ao mesmo tempo captar com realismo a dureza de viver africana e criar um filme cheio de energia, numa ficção plena de alternativas.

Não será demais acrescentar: embora tivesse o visto de entrada absolutamente em ordem, Démé foi barrado em Bruxelas durante cinco horas e só pôde entrar na Europa depois da intervenção do Festival de Cannes, do qual era convidado. A África, mais do que um continente, parece ser um destino a enfrentar da maneira que for possível --com bons filmes, inclusive.


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