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Carreiras e Empregos

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Quase para morar

Escritórios são projetados para que funcionário queira passar muito tempo neles

REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pebolim, palco para apresentações, mesa de concreto para 200 pessoas, redes de descanso. Todos esses itens estão em escritórios pelo mundo.

As mudanças nas relações corporativas, com maior flexibilidade de horários e local de trabalho, abrem espaço para locais descolados. Entretanto, é preciso cuidado para não cair em um modismo que não produz resultados.

De acordo com o arquiteto Edo Rocha, do escritório de mesmo nome, com clientes como Vale, Santander e HP, é preciso evitar os projetos "kindergarten" (jardim de infância), ou seja, em que apenas existam itens de lazer que estão em evidência, mas não contribuem com o trabalho.

"Não adianta seguir padronizações ou construir itens apenas bonitos esteticamente. Tem muito 'kindergarten' por aí: escritórios exagerados e não funcionais."

Hoje, as empresas se esforçam para parecer mais liberais e menos hierarquizadas e burocráticas. A arquitetura tenta acompanhar isso.

Por exemplo, o projeto da sede da empresa de entretenimento XYZ Live em São Paulo foi desenvolvido por uma equipe de arquitetos e cenógrafos com a intenção de materializar em 2.400 metros quadrados os conceitos da companhia.

No total, o escritório custou R$ 3,8 milhões.

"Temos um palco, locais para jantares, festas e jogos", afirma o presidente da companhia, Bazinho Ferraz, 40. Mas ele não esconde um dos motivos desse investimento.

"A intenção é que todos tenham o desejo não só de trabalhar aqui, mas, sim, até de morar."

O projeto do prédio da empresa de informações financeiras Serasa Experian, que abriga 800 pessoas em São Paulo, permite, por exemplo, que cada funcionário controle o ar condicionado no piso em que está trabalhando.

MINHA CASA

O aspecto do tempo que se passa dentro da empresa é ressaltado pelos arquitetos, por isso o investimento em equipamentos de ginástica, salas de massagem, pontos de café e cantinas.

"As pessoas não podem fazer um trabalho monótono por longos períodos", diz o russo Peter Zaytsev, do escritório za bor Architects, que trabalha com clientes de tecnologia.

"Se um escritório dispõe desses espaços, as pessoas não vão sentir falta de conforto e serão capazes de ficar lá mais tempo", afirma.

Na era da comunicação digital, também se tenta fazer com que as pessoas conversem mais pessoalmente.

O arquiteto sul-africano Clive Wilkinson, do escritório Clive Wilkinson Architects, que trabalhou no projeto da sede do Google em Montain View (EUA), considera que o local de trabalho hoje precisa ser transparente, aberto e "altamente colaborativo".

"O objetivo de um projeto é o compartilhamento de conhecimento para aumentar a velocidade de criação de novas ideias e produtos", diz.

"O escritório é mais como um saguão de hotel, onde o encontro entre as pessoas é mais importante do que espalhar computadores."

A agência de publicidade Mother, em Londres, por exemplo, tem em seu escritório uma mesa de concreto para 200 pessoas trabalharem em conjunto.

Já o complexo administrativo do Google, com 2 milhões de metros quadrados, possui prédios com instalações recreativas integradas com os espaços de engenharia de software e pequenas tendas de vidro para reuniões rápidas de trabalho.

"O escritório moderno deve incentivar o movimento dentro do ambiente para que as pessoas não se sintam em um só lugar todo o dia", completa Wilkinson.

O brasileiro Juan Carlos Raphael Najhan de Almeida Câmara, 29, ganhou neste ano um concurso da multinacional de design para escritórios Herman Miller apostando nessa ideia.

No ambiente que ele concebeu, os funcionários podem trabalhar onde quiserem e quando quiserem.

"No futuro, o trabalho remoto, às vezes em casa, vai se tornar comum, então os escritórios serão mais espaços de encontro, de debate de ideias", defende.

Para ele, a empresa do futuro pode ter tobogã, sala de jogos e sala zen. "Esse é outro fator muito importante do escritório do futuro. O espaço lúdico e divertido acelera a criatividade", afirma.

NÃO É PARA TODOS

Apesar dos benefícios, até os profissionais da área afirmam que ambientes descolados não são para todas as empresas.

Sergio Athié, diretor de arquitetura do grupo A|W, destaca que muitas companhias têm modelos de organização muito tradicionais, com horários fixos e estações de trabalho no mesmo lugar, o que exige mais cuidado na elaboração de projetos.

Hoje, valoriza-se muito os espaços abertos e coletivos de trabalho, mas setores como jurídico e contábil não têm isso por tradição. Uma solução são as salas de colaboração, usadas apenas durante alguns períodos do dia. "Elas são mais informais, em um espaço a parte, com configuração diferente e recursos tecnológicos", explica.


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