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Pequenos clubes grandes negócios

Times sem torcida funcionam como 'incubadora' de jogadores e faturam alto com a venda de atletas

FELIPE GUTIERREZ DE SÃO PAULO

O volante Paulinho, que marcou um dos três gols do Brasil contra o Japão em partida pela Copa das Confederações, tem o contrato cotado em cerca de R$ 40 milhões. Se ele for vendido pelo Corinthians, seu time atual, metade do valor irá para um clube que não tem nem torcida, o Audax.

Trata-se do pequeno time da rede varejista Pão de Açúcar, que tem na formação de jogadores a principal maneira de ser financeiramente equilibrado.

Além dele, o Desportivo Brasil, da companhia de marketing esportivo Traffic, e a equipe da Red Bull tem modelos semelhantes.

"O objetivo do Audax é ser autossuficiente e não depender de investidor", diz o gerente-executivo Thiago Scuro, 31. Ele afirma que a intenção do time é ter uma história como a do holandês PSV Eindhoven, que foi ligado à Phillips durante anos.

Esse processo de desvinculação pode ser acelerado, pois os executivos da empresa francesa Casino, que hoje controla o Pão de Açúcar, querem se desfazer do time.

Se Paulinho for transferido por seu preço atual, o dinheiro que o Audax irá levar é o equivalente a uma parcela significativa do custo anual do clube (R$ 20 milhões).

O clube tem times em categorias jovens, mas também nos campeonatos profissionais de futebol em São Paulo e no Rio de Janeiro.

É isso que sai caro, afirma Guilherme Guimarães, da empresa de marketing esportivo Ativa Esporte.

"Manter um plantel de jogadores adultos é muito custoso. É preciso ter estrutura de treinamento, comissão técnica e pagar salário de verdade. Nas categorias de base, alguns jogadores têm contratos e salários, mas a maioria recebe só ajuda de custo."

SÓ NA BASE

O Desportivo Brasil não tem um time para disputar campeonatos "de adultos".

Com isso, os custos são menores. Segundo Rodolfo Canavesi, 36, vice-presidente do time, as despesas anuais giram em torno de R$ 5 milhões. Mas, segundo Guimarães, sem um time para disputar as categorias principais, "perde-se a principal vitrine" do esporte.

Eles ainda não formaram uma grande estrela mas, segundo Canavesi, já negociaram alguns jogadores para clubes da Europa (ele cita o meia Carlos Eduardo de Oliveira Alves, hoje no Porto, de Portugal, como exemplo).

O executivo diz que há espaço para esse modelo de negócios porque "os grandes clubes não conseguem absorver todos os potenciais jogadores". "Nós conseguimos competir na formação de talentos."

Scuro, do Audax, afirma que durante a formação de um atleta "há muita oscilação" e que ser um pequeno clube sem torcida ajuda a empresa a segurar esses jogadores --os atletas não sofrem pressão para ganhar títulos.

O gerente conheceu Paulinho há dez anos, quando o jogador tinha 15 anos, e acompanhou a trajetória dele (o volante chegou a jogar na Polônia, mas voltou ao Brasil para disputar a quarta divisão do Campeonato Paulista).

O consultor de marketing Amir Sonoggi, 38, diz que esses times são resultado do aumento no valor dos contratos com jogadores. Segundo ele, mesmo com um "ajuste" nos preços de 2008 para cá, as quantias continuam altas (ele dá como exemplo a transferência do meia Lucas, que foi do São Paulo para o PSG por R$ 103 milhões).

VAQUINHA

O "crowdsourcing", maneira de financiar um projeto coletivamente, é uma outra maneira pela qual pequenos clubes podem ter receitas de novas fontes.

O site Pódio Brasil, por enquanto, financia idas de atletas a competições internacionais. Mas, segundo um dos cofundadores, Nélio de Oliveira Costa, há planos para que times consigam dinheiro pela plataforma.

Isso só não aconteceu até agora, ele diz, porque "a prestação de contas de clubes é mais nebulosa e o projeto precisa ser benéfico e incentivar a população inteira a praticar esportes".


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