Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ciência + Saúde

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Dengue faz fêmea do mosquito ficar sedenta de sangue

Vírus da doença provoca modificações fisiológicas no inseto, que fica hiperativo e muda hábito alimentar, segundo estudo da Fiocruz

DIANA BRITO DO RIO

A infecção pelo vírus da dengue faz os mosquitos ficarem até três vezes mais sedentos de sangue do que o normal. A conclusão é de uma pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio. Por outro lado, o vírus prejudica as atividades do mosquito ao causar problemas de coordenação motora.

O hábito alimentar de 200 fêmeas do Aedes aegypti infectadas com o tipo 2 da dengue, um dos mais comuns no Brasil, foi observado pelo biólogo Gabriel Sylvestre para sua dissertação de mestrado.

Os testes foram feitos com as fêmeas porque só elas se alimentam de sangue para a maturação de seus ovos. Os machos ingerem substâncias vegetais e açucaradas.

O trabalho da Fiocruz trouxe evidências de que, assim como os humanos sentem dores e cansaço quando infectados, os mosquitos também sofrem impacto negativo do vírus. Apesar disso, ficam mais ávidos por sangue.

"Essa avidez por sangue acontece em frações de segundo e está ligada à hiperatividade provocada pelo vírus. Isso preocupa, porque, quanto mais sedento por uma fonte sanguínea, maior a chance de a doença ser disseminada", disse Sylvestre.

Segundo o pesquisador, a avidez pode ser fruto de modificações fisiológicas provocadas pelo vírus, que se espalha pelo corpo do mosquito.

Segundo Rafael Freitas, do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz, orientador de Sylvestre, outro impacto negativo, identificado pela primeira vez, é o tempo maior que a fêmea infectada leva para encontrar alimentos e sugar o sangue.

"Ao demorar mais na localização e na alimentação [com o tempo de ingestão de sangue mais longo], a fêmea se torna mais vulnerável às ações de defesa do hospedeiro [ou seja, ao combate ao mosquito em geral] ", diz.

O fenômeno pode ajudar a entender por que a dengue é, hoje, a doença transmitida por mosquitos que se espalha mais rapidamente pelo mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. O estudo foi publicado no início do ano na revista "PLoS One".

"Quanto mais descobertas sobre as fraquezas do Aedes, mais estratégias inovadoras podem ser desenvolvidas para combatê-lo", diz Sylvestre.

Levantamento feito por Freitas aponta ainda que o tempo de vida e a capacidade reprodutiva do inseto infectado diminuem. Em média, a fêmea contaminada vive 15 dias --contra 30 dias da não infectada-- e deposita cerca de 60% menos ovos.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página