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Macacos recebem 1ª dose de vacina anti-HIV da USP

Resultado inicial sai em abril; Butantan reforçou segurança após aumento de ativismo contra testes em animais

RAFAEL GARCIA DE SÃO PAULO

Cientistas da Faculdade de Medicina da USP aplicaram ontem em quatro macacos resos do Instituto Butantan a primeira dose da vacina anti-HIV desenvolvida pelos dois centros de pesquisa. Resultados preliminares sobre o potencial de proteção do imunizante saem em abril.

Na fase inicial da pesquisa, os animais receberão três doses da vacina de DNA (uma a cada 15 dias). O material contém informação genética que deve fazer o organismo dos macacos produzir fragmentos do vírus. Espera-se que esses pedaços do HIV sejam capazes de preparar o sistema imune dos hospedeiros para combater infeções.

Na segunda fase do teste, prevista para março, os animais --que têm de dois a sete anos de idade-- receberão um vírus de gripe modificado com pedaços do HIV, que tem a intenção de dar um impulso final na imunização.

Depois dessa etapa, se tudo der certo, um segundo teste será feito com outros 28 macacos, num regime diferente de aplicação da vacina.

"Como a restrição de idade nos deixou com um número pequeno de animais, achamos melhor fazer um primeiro teste em apenas quatro deles", conta Edecio Cunha Neto, pesquisador da USP que liderou os trabalhos de desenvolvimento da vacina.

Os animais não serão injetados com HIV. Para saber se seu organismo produz as células e moléculas necessárias à imunização, pesquisadores vão retirar amostras de sangue dos macacos. No laboratório, o material será exposto a fragmentos do vírus que devem ativar seu sistema imune contra o parasita.

Não é possível submeter os animais vacinados a um desafio direto contra o HIV, porque ele não infecta macacos naturalmente. O grupo já produziu uma versão da vacina contra a variedade símia do vírus --o SIV--, mas o biotério do Instituto Butantan, a céu aberto, não possui o nível de segurança necessário para manipular vírus ativos.

Se algum laboratório de alta segurança se interessar, a USP diz que está disposta a fazer um estudo em colaboração. "Para nós, por enquanto vai ser suficiente saber que a vacina induz uma resposta potente nos macacos resos", afirma Cunha Neto. "Antes disso, porém, já poderíamos fazer testes de segurança em humanos."

SEGURANÇA

Antes do início dos testes, o macacário do Butantan recebeu reforço de segurança, com câmeras de monitoramento por vídeo 24 horas, entradas reforçadas, e aumento nos turnos de vigilância. O instituto quer evitar que ativistas contra testes em animais invadam o local e prejudiquem os trabalhos.

"Há pessoas que não entendem o quanto a saúde dos animais está sendo cuidada aqui e quanto o teste pode impactar a humanidade no futuro", diz Susan Ribeiro, bióloga que realiza o experimento. "Esses animais são tratados muito bem." A Folha visitou ontem o biotério, onde macacos alimentados com ração e frutas convivem em grupos com espaço para brincar.


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