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Fundador do Noma abre casa em La Paz

Coproprietário, com René Redzepi, do restaurante nº 1 do mundo, Claus Meyer vai inaugurar restaurante-escola

'Mudar o jogo para melhor é a minha missão de vida', diz ele, que atua na Bolívia em parceria com ONG

ALEXANDRA FORBES COLUNISTA DA FOLHA

Que interesse poderia ter o chef e empresário Claus Meyer, fundador e coproprietário, com René Redzepi, do restaurante Noma, em Copenhague, em expandir seus negócios para La Paz? Nada menos do que "melhorar o mundo por meio da comida".

Ele abrirá, no dia 18, na capital boliviana, o Gustu, que, para além de servir menus sofisticados, funcionará como escola de culinária e ferramenta para fomentar o avanço da gastronomia no país.

"O Noma hoje dá dinheiro, e eu acredito que temos que doar de acordo com o que ganhamos. Em nenhum outro lugar, meu esforço e minha devoção poderiam significar tanto para tanta gente", diz.

O mecenas tem o apoio da ONG dinamarquesa IBIS, que há mais de 30 anos desenvolve projetos de educação e direitos dos povos indígenas na Bolívia, com a qual montou o fundo Melting Pot Bolivia, que subsidia o Gustu.

Pretende, alavancado pelo prestígio do Noma (cotado número um no ranking dos 50 melhores do mundo da revista inglesa "Restaurant"), "ampliar a perspectiva da cozinha nórdica" e "inspirar uma geração de jovens bolivianos a criar prosperidade e esperança, trabalhando juntos para utilizar os produtos básicos bolivianos".

Comandam a cozinha a dinamarquesa Kamilla Seidler e o venezuelano Michelangelo Cestari, ambos vindos de reputadíssimos restaurantes de Copenhague (Geist e Relae, respectivamente).

Os 23 jovens sob seu comando iniciaram treinamento na escola há mais de um ano e foram levados há pouco em uma excursão a Lima, para provar as melhores mesas locais. A maioria nunca antes tinha visto o mar.

Eles se dividirão entre a cozinha do Gustu e de um bistrô e uma padaria que serão inaugurados na sequência. "Aceitei tocar o projeto porque não se pode ter medo. É maravilhoso poder ajudar os outros por meio da cozinha e trabalhar com comidas que nunca vi antes", diz Seidler.

Meyer quer replicar no Gustu o mesmo princípio que rege o Noma: cozinhar com o que há no entorno, evitar importados. Entre os ingredientes típicos, há lhama, truta do lago Titicaca e grande variedade de batatas, queijos andinos e frutas, como o "pacay", uma fava gigante cuja polpa parece algodão-doce.

Em uma área externa, grelharão porco, cordeiro e "anticuchos" (espetinhos), segundo antigas tradições bolivianas. O menu-degustação com 15 a 20 pratos, incluindo a harmonização de vinhos, custará US$ 130 (cerca de R$ 258) por pessoa: para o boliviano médio, muito dinheiro.

Aclamado por alguns como um revolucionário, Meyer não se acanha em falar da grandeza de seu objetivo: fomentar saúde, educação, emprego e crescimento econômico. "Sou um chef-empresário e mudar o jogo para melhor é a minha missão de vida. Na minha caixa de ferramentas, tenho comida deliciosa", diz.

Resta ver se haverá em La Paz clientela suficiente para manter o sonho em marcha.

GUSTU
ENDEREÇO Calle 10 de Calacoto, 300, La Paz, Bolívia
INFORMAÇÕES restaurantgustu.com


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