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#vemprarua

Restaurantes aderem à moda de servir quitutes na calçada e transformam suas fachadas em balcões abertos para a rua

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULO

"São Paulo tem preços impraticáveis, aluguéis obscenos e uma crise emocional por causa fatores como os arrastões. Se hoje é impossível abrir um bom restaurante sem gastar R$ 1,5 milhão, em um excelente food truck' o investimento é menor do que R$ 150 mil."

A estimativa é do chef e empresário Márcio Silva, que estudou o mercado norte-americano de comida de rua e é dono da Buzina Food Truck, de São Paulo, que planeja e customiza esses veículos.

Para ele, dois fatores impulsionaram o crescimento da comida de rua no país: "Os chefs perceberam que é uma maneira de ganhar dinheiro; além disso, o contato direto com as pessoas oferece um estímulo diferente do da cozinha, o que é muito legal".

Hoje, apenas dogueiros motorizados têm permissão para vender comida nas vias públicas paulistanas --desde 2007, a prefeitura não concede novos Termos de Permissão de Uso a ambulantes. No ano passado, comerciantes que têm licença conseguiram liminar na Justiça para manter suas atividades.

Segundo o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), coautor do projeto de lei que regulamenta esse comércio (leia mais na página ao lado), a aprovação em primeira votação interessa tanto à população como aos empreendedores. "O trabalhador não tem tempo de almoçar em casa, e os restaurantes são caros. Essa atividade existe e gera renda do Morumbi à Cidade Tiradentes", diz.

RESTAURANTE DE RUA

Não foi apenas o poder público que despertou para o potencial desse filão. Uma série de iniciativas envolvendo restaurantes paulistanos tem se espalhado pela cidade.

No mês passado, a chef Mara Salles, do Tordesilhas, nos Jardins, estreou o "Tem Tacacá na Tietê", evento mensal no qual ela serve o prato típico do Norte (R$ 16) pela janela do restaurante a clientes que passam pela rua.

"É uma grande descoberta: a delícia da rua e como as pessoas estão abertas a essa possibilidade", diz.

André Mifano, chef do italiano Vito, em outubro começa a rodar em um "food truck" servindo, entre outros, sanduíche de pastrami, hambúrguer e "fish and chips brasileiro" (com surubim e mandioca). Cada item deve custar, no máximo, R$ 30.

A ação, patrocinada por uma marca de uísque, começará em bairros como Pinheiros, Vila Madalena e Santa Cecília (a localização estará na página www.facebook.com/jamesonwhiskey).

Para Mifano, os itens servidos na rua não precisam ser sem criatividade. "[Esse modelo] permite uma comida autoral, de qualidade e com bons preços."

O movimento das calçadas também incentivou o chef Dagoberto Torres a abrir uma nova casa, vizinha ao seu Suri, em Pinheiros. Lá, ele vai servir, em um balcão, receitas para comer no local ou para levar, como tacos, arepas e mandioca gratinada.

No Aconchego Carioca, bar nos Jardins, a ideia nasceu quando os donos serviram churrasquinho grego na rua no aniversário da casa. Após o sucesso, o evento ganhou edições fixas --no começo de outubro, será a vez do sanduíche de carne assada (R$ 20).

Ação semelhante acontecerá em outubro no Obá, também nos Jardins. De uma tenda na fachada do restaurante, o mexicano Hugo Delgado venderá tostadas (massa à base de milho com frango ou carne desfiada, R$ 13) aos pedestres entre 18h30 e 20h.

Chef do restaurante Marcel, Raphael Despirite, presença constante em eventos de rua com o cachorro-quente à francesa, tem planos de abrir um "food truck" próprio.

"Existe uma demanda absurda por comida de rua em São Paulo, basta ver a lotação da Feirinha [Gastronômica] toda semana. É algo que passa pelo desejo de uma comida mais barata, mas também pela ausência de programas ao ar livre na cidade", diz.

Para Rolando Vanucci, criador das barracas Rolando Massinha e Rolando Doguinho, quem decide cozinhar na calçada precisa estar atento às dificuldades. "Os chefs que entrarem nesse setor precisam saber o que é a rua. Numa cozinha física você não sabe o que é frio, chuva, vento. Nem tem ideia de como é a logística de não ter tudo à mão", explica.

Os detalhes da nova lei preocupam o criador da feira O Mercado, Checho Gonzales: "Nos EUA, cada chef só pode ficar três horas em um ponto. Deveríamos fazer o mesmo aqui. Distribuir pontos fixos facilita a corrupção."

Maurício Schuartz, sócio da KQi, empresa organizadora da Feirinha Gastronômica, na Vila Madalena, diz que, uma vez sancionada, haverá pouco tempo entre a implementação da lei e os preparativos para a Copa do Mundo. "Além de regulamentar os caminhões e profissionalizar esse pessoal, teremos de nos preocupar com a consolidação de um novo mercado consumidor. É um processo que começa com a aprovação da lei, não deve terminar com ela." (DÉBORA YURI E GUSTAVO SIMON)


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