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Mais uma vez, Brasil decepciona na 'Copa do Mundo' da gastronomia

Para equipe nacional, que ficou em 22º lugar, faltou apoio financeiro para o Bocuse d'Or

França leva o troféu pela sétima vez em competição que acontece a cada dois anos desde 1987

MAGÊ FLORES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Terminou na última quarta-feira, em Lyon, na França, a 14ª edição do Bocuse d'Or, a mais importante disputa internacional de gastronomia. Nessa "Copa do Mundo" de chefs, o Brasil tem ficado longe do pódio.

A equipe vencedora foi a França, que levou o troféu pela sétima vez. Com o 22º lugar, o Brasil só ficou à frente do México e do Marrocos.

Realizado a cada dois anos, o prêmio existe desde 1987. Foi idealizado pelo chef francês Paul Bocuse, do L'Auberge du Pont de Collonges, na região de Lyon, que mantém três estrelas no guia "Michelin" há 40 anos.

Funciona assim: 24 equipes se apresentam diante dos jurados e da plateia. Os competidores têm 5h35 para fazer pratos com carne e peixe.

O BRASILEIRO

Depois de ficar em segundo lugar na seleção da América Latina, Fábio Watanabe, 30, representou o Brasil ao lado do assistente Álvaro Gasparetto, 22. Watanabe, que vive em Mogi das Cruzes, trabalhou no Bacalhoeiro, em São Paulo, e estudou na Suíça.

O chef diz que teve de tirar do próprio bolso a verba para pagar alguns ingredientes durante o treinamento.

Para ele, pesou a falta de apoio. "Enquanto as outras equipes tinham alguém para comprar os ingredientes, nós fomos atrás de trufa em conserva num supermercado faltando duas horas para começar a competição", conta.

De acordo com o presidente da delegação, Marcelo Pinheiro, uma das razões para o mau resultado foi a dificuldade de lidar com os ingredientes. "Só fomos conhecer o peixe (o halibute, que não chega ao Brasil) a dois dias da competição", afirma.

'BAIXAR A CABEÇA'

Foi a oitava vez que o Brasil participou da competição. Em 1992, a pedido de Paul Bocuse, o chef francês Laurent Suaudeau, no Brasil há 32 anos, iniciou o trabalho de seleção e treinamento de brasileiros para o Bocuse d'Or.

O papel realizado por Laurent por dez anos hoje é feito pela APC (Associação dos Profissionais de Cozinha).

De acordo com Laurent, o mau desempenho se explica não só pela falta de dinheiro. Para ele, o concurso não recebe a devida importância.

"Por causa de tudo o que está acontecendo [referindo-se a prêmios recebidos por chefs brasileiros e festivais], parece que estamos com tudo, mas, ao chegar lá, percebe-se que não estamos com nada. Então, é baixar a cabeça, assimilar humildemente e fazer acontecer", diz.

Foi Laurent quem treinou o chef Jefferson Rueda, hoje à frente do Attimo, para representar o Brasil em 2003.

Para Rueda, a diferença entre competidores era gritante. "Nós fomos na maior humildade", diz o chef, cuja equipe ficou em 19º lugar.

À Folha, o diretor do Bocuse d'Or, Florent Suplisson, disse que países como Itália e Brasil não têm "a cultura de competição", o que não quer dizer, para ele, que esses países tenham gastronomia ruim. "Os cozinheiros precisam ter um treino melhor em exercícios específicos. Nisso o Brasil pode trabalhar", diz.


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