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Frota do abandono

Enfileirados, os 80 mil veículos apreendidos pela polícia e esquecidos em pátios seriam suficientes para ligar a capital paulista a Ribeirão Preto

EDUARDO GERAQUE JOEL SILVA DE SÃO PAULO

A fila de carros, motos e caminhões esquecidos pelo Estado em pátios particulares da capital paulista seria suficiente para ligar os 313 km que separam as cidades de São Paulo e de Ribeirão Preto, no interior paulista.

São 80 mil veículos, segundo estimativa do setor, acumulados em quase 50 terrenos privados --resultado de apreensões da polícia de SP a partir da última década.

Ou seja, uma frota equivalente à de São Carlos (a 232 km de SP), mas que está hoje abandonada --junto a milhares de máquinas de caça-níquel também retidas.

Sem espaço para guardar os bens apreendidos, a polícia acabou levando os carros para as áreas particulares.

Poderia ser um bom negócio para os donos dos terrenos que consentiram com a ocupação esperando receber uma diária pela estadia.

Os veículos acabaram não sendo retirados por seus donos --provavelmente devido ao acúmulo de dívidas com IPVA, licenciamento e multas de trânsito. E acabaram abandonados pelo próprio Estado que realizou a apreensão.

Apenas um dos pátios, em área de proteção ambiental, às margens da represa de Guarapiranga (zona sul), recebeu 15 mil veículos no período de 2003 e 2008.

O próprio Estado, que levou os carros para lá, fez a interdição da área em 2008, alegando risco ao ambiente.

Apesar do dano potencial para um dos principais reservatórios de abastecimento da capital paulista, nenhum veículo saiu de lá desde então.

Entre as pilhas de carcaça há de automóveis populares a uma Mercedes-Benz.

Um dos caminhões, da mesma marca, apodrece no local desde 2003. Ele pertence a uma concessionária de rodovias de São Paulo.

O veículo chegou a ser vendido a um particular. Não foi pago e acabou apreendido. Sem interesse em bancar as diárias acumuladas, a concessionária continua pagando seu IPVA, para não ficar com nome sujo na praça, mas desistiu de resgatá-lo.

De acordo com os responsáveis pelo terreno, os carros seriam deixados lá pela polícia de forma emergencial.

"Haveria uma licitação para que os pátios passassem a ser oficialmente concessionários públicos", afirma Luciano Abreu Oliveira, advogado do Pátio Santo Amaro.

A licitação nunca ocorreu.

Na Justiça, o governo paulista foi condenado a retirar os veículos dali e liberar a área, desde o ano passado.

Como o Estado não cumpriu a decisão em segunda instância, a multa aplicada pelos juízes já chega atualmente a R$ 60 milhões.


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