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Acusados por incêndio na Kiss são soltos
Justiça concedeu liberdade aos 4 principais acusados por tragédia que deixou 242 mortos em Santa Maria (RS)
Decisão afirma que sócios da boate e integrantes de banda não apresentam 'traço de maldade'
Os quatro principais acusados de contribuir para a morte de 242 pessoas no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, deixaram a prisão na noite de ontem por decisão da Justiça do Rio Grande do Sul.
Por unanimidade, a 1ª Câmara Criminal do TJ-RS avaliou que os dois sócios da boate e os dois integrantes da banda que tocava no local não oferecem perigo à sociedade, por serem réus primários e não terem "traço excepcional de maldade".
Os sócios da Kiss, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, são acusados de ter instalado espuma inadequada na casa.
Já o vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão, da banda Gurizada Fandangueira, por terem usado o artefato pirotécnico que causou o incêndio.
Presos havia quatro meses na penitenciária de Santa Maria, desde o dia seguinte à tragédia, os quatro respondem por homicídio doloso qualificado e tentativa de homicídio.
A prisão foi revogada após a análise de pedido da defesa do vocalista --e acabou estendida a todos os réus.
O desembargador Manoel Lucas disse não vislumbrar na conduta deles "elementos de crueldade, hediondez e desprezo pela vida humana que se encontram [...] em outros casos de homicídios".
PROTESTO
Após a sessão, familiares e amigos das vítimas fizeram um protesto em frente ao TJ, com fotos dos parentes e pedidos por justiça.
"Os magistrados não sentiram nossa dor. Todo o trabalho psicológico que fizemos foi para o lixo", afirmou Adherbal Ferreira, presidente da associação de familiares de vítimas do incêndio.
Os magistrados também julgaram pedido da defesa de Spohr para anular o recebimento da denúncia (acusação) do caso pela Justiça.
Os desembargadores negaram o pedido, considerando que ficou demonstrada a participação dos acusados.
O Ministério Público vai analisar se recorrerá da decisão que liberou os réus.
Também estão em liberdade dois bombeiros acusados de adulterar documentos e duas pessoas suspeitas de mentir na investigação.