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Crianças ficam no meio de confronto entre PMs e invasores de terreno
Ônibus escolar quebrou bem no local da confusão durante reintegração de posse na zona sul
Assustados e afetados pelo gás lacrimogêneo que entrou no veículo, os estudantes gritavam por socorro
Polícia Militar e invasores entraram em confronto ontem de manhã durante reintegração de posse de terreno na avenida do Cursino, Parque Bristol, na zona sul.
Um ônibus escolar com 36 crianças quebrou e ficou no meio da confusão.
Após os ocupantes resistirem à desocupação determinada pela Justiça, montando barricadas em chamas, os PMs usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Ao menos seis pessoas ficaram feridas, informou a Secretaria Municipal de Saúde.
A Polícia Militar disse que, em sua avaliação preliminar, não contabilizou feridos, mas afirmou que investigará os casos. A reportagem viu duas pessoas com ferimentos.
O grupo de crianças que ficou preso na confusão faria uma excursão ao Museu de Ciência e Tecnologia da USP. Assustados e afetados pelo gás que entrou no veículo, os estudantes gritavam por socorro.
"Deu muito medo, fiquei desesperada. Pensei que eu ia levar um tiro e até morrer", disse Victória Mazzi, 12.
Segundo alunos e duas professoras, mesmo com o ônibus bem no meio da confusão, a polícia continuou a disparar bombas de gás lacrimogêneo.
"Foi uma atitude desnecessária e traumática. Quem ajudou foram os moradores", afirmou a professora de história Nataline da Trindade, 34.
O veículo com as crianças, todas estudantes da Escola Estadual Plínio Barreto, na Água Rasa (zona leste), ficou ao menos 30 minutos no confronto.
"As crianças começaram a passar mal de tanto inalar o gás. Elas ficaram em estado de choque. Foi quando decidimos sair dali", disse Darci Aprígio Dias, motorista do ônibus. Crianças e professores se refugiaram numa lanchonete.
O ajudante de obras Vicente Silva Oliva, 28, que tinha um barraco no terreno invadido, levou três pontos no ferimento provocado, segundo ele, por disparo de bala de borracha. A reportagem viu outro homem ferido.
A PM informou que 200 policiais atuaram na retirada das 120 famílias --segundo os invasores, havia mil famílias ali.
Segundo a polícia, foram usados "os meios necessários para garantir o cumprimento da ordem judicial e a operação foi concluída sem registro de incidentes ou feridos".
O terreno pertence à empresa Atua Projeto Imobiliário.