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País em protesto
Dilma diz que atos são recado a governantes
Em discurso na capital, presidente afirma que melhoria das condições de vida criou novas demandas na população
Casa Civil argumenta que desonerações de impostos permitiram que tarifa de ônibus caísse R$ 0,23 em SP
Quebrando mais de uma semana de silêncio, a presidente Dilma Rousseff admitiu que as manifestações são um recado a todos os "governantes", exaltou os protestos "grandiosos" e disse que "o Brasil acordou mais forte".
Logo após o discurso, durante o anúncio do novo marco regulatório da mineração, no Planalto, Dilma voou de Brasília para São Paulo para se aconselhar com Lula.
Ela chamou as manifestações de "pacíficas" e "democráticas", mas criticou casos de violência. "A grandeza das manifestações comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população."
Dilma incluiu as manifestações em seu discurso sobre o novo Código de Mineração após avaliar com o marqueteiro João Santana que era preciso se posicionar para não dar a imagem de que seu governo está na defensiva.
"O meu governo, que quer ampliar o acesso à educação e à saúde, compreende que as exigências da população mudam. Mudam quando nós mudamos também o Brasil."
Ontem, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, exibiu cálculos mostrando que as medidas de desoneração de impostos contribuíram para reduzir tarifas de ônibus --em até R$ 0,23-- ou reajustá-las em 14 capitais.
Conforme Gleisi, esse era o potencial de redução aberto pelas medidas do governo, mas ela não soube dizer se foi considerada em São Paulo.
A prefeitura paulistana diz que o reajuste da tarifa já foi feito com base na desoneração, o que permitiu um aumento abaixo da inflação acumulada desde janeiro de 2011, quando passou a vigorar a tarifa de R$ 3.
POLÍTICOS
Segundo a Folha apurou, Lula iria aconselhar Dilma a melhorar a interlocução do governo com os movimentos sociais e a comunicação do governo, que não está rebatendo a onda de notícias negativas na economia.
Dilma telefonou ontem a governadores, entre eles Geraldo Alckmin (PSDB), para falar sobre os protestos. Ela teria elogiado a ação da polícia em São Paulo, que anteontem não agiu contra os manifestantes.
Durante almoço do comando do PSDB ontem, em Brasília, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o volume de vaias que Dilma recebeu no sábado, na abertura da Copa das Confederações, é prova dos arranhões à sua popularidade. "Dois minutos de vaia não é normal."
Já o presidente nacional do partido, Aécio Neves, recomendou humildade à presidente. "Como dizem em Minas Gerais, humildade e canja de galinha nunca são demais. É um bom conselho."
