Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

País em protesto

Milhares nas ruas obrigam Alckmin e Haddad a recuar

Após protestos, Estado e prefeitura decidem baixar tarifa de transporte para R$ 3, mas vão cortar investimentos

Rio e outras 6 capitais também terão redução de passagem de ônibus; mobilização foi a maior desde queda de Collor

DE SÃO PAULO DO RIO

Após protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas do país, os governadores e prefeitos de São Paulo e do Rio cederam e decidiram reduzir as tarifas do transporte coletivo.

A decisão dos governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB) e dos prefeitos Fernando Haddad (PT) e Eduardo Paes (PMDB) já se repetiu em diversas cidades nas últimas semanas, incluindo outras cinco capitais --Cuiabá, Recife, João Pessoa, Porto Alegre e Aracaju. Natal também irá anunciar redução da tarifa hoje.

As manifestações pelo Brasil reuniram mais de 215 mil pessoas só na última segunda --na maior mobilização desde a queda do presidente Fernando Collor, em 1992.

Em São Paulo, a redução das passagens de ônibus, metrô e trens, de R$ 3,20 para R$ 3, começa a valer na próxima segunda-feira --três semanas depois do reajuste.

No Rio, a queda das tarifas de R$ 2,95 para R$ 2,75 será válida a partir de amanhã.

As negociações envolveram governantes dos principais partidos do país (como PT, PSDB e PMDB), além da presidente Dilma Rousseff.

Alckmin e Haddad dizem que, com a decisão, terão que cortar investimentos --para aumentar as subvenções à tarifa, que, só para os ônibus, já consumiriam um recorde de R$ 1,25 bilhão este ano.

Eles estimam um gasto extra de R$ 385 milhões para os meses restantes de 2013 --R$ 210 milhões no Estado e R$ 175 milhões na prefeitura.

A pressão ganhou corpo com uma sequência de manifestações em São Paulo a partir do último dia 6. De lá para cá, houve seis grandes atos do Movimento Passe Livre, que interditaram vias importantes como avenida Paulista e marginal Pinheiros.

Apesar do teor pacífico da maioria dos manifestantes, eles acabaram com cenas de violência e pânico --como incêndios, pichações e saques.

A bandeira da tarifa zero, que originou os protestos, acabou incorporando diversas outras reivindicações.

No Rio, Eduardo Paes disse que esse impacto, estimado em R$ 200 milhões por ano, "terá que ser arcado pelo poder público". Afirmou que as prefeituras terão que pressionar o Congresso e o governo para repartir o custo.

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), também deve apresentar hoje à Câmara um projeto de lei de isenção do ISS para baratear a passagem.

APERTANDO O CINTO

O anúncio feito em conjunto ontem em São Paulo por Alckmin e Haddad ocorreu na véspera de mais um ato do Passe Livre, marcado para as 17h de hoje, na av. Paulista.

No começo do ano, os dois haviam postergado a elevação das passagens, atendendo a pedido de Dilma para ajudar a conter a inflação.

Além da tarifa comum, a integrada (entre ônibus e trens e metrô) também cairá, de R$ 5 para R$ 4,65.

O rombo deve ser mais sentido por Haddad, que já enfrenta dificuldade em obter dinheiro para financiar suas promessas de campanha. Pela projeção da gestão, caso a tarifa fique congelada até 2016, o impacto será de R$ 2,6 bilhões --11% do necessário para seu plano de metas.

No caso do Estado, os R$ 210 milhões representam 6% dos investimentos do governo no Metrô, conforme o Orçamento de 2013. "Vamos arcar com os custos apertando o cinto", disse Alckmin.

GOL DA SELEÇÃO

A redução das passagens foi comemorada como um gol da seleção brasileira por 10 mil torcedores que, do Vale do Anhangabaú (centro), assistiram ao jogo do Brasil pela Copa das Confederações. O público havia vaiado antes, quando Alckmin e Haddad apareceram no telão da TV.

Alckmin declarou que a queda de R$ 0,20 na tarifa é um "sacrifício grande".

Destacou ainda a necessidade de São Paulo voltar à rotina depois dos protestos. "Queremos tranquilidade para que a cidade funcione, para que os temas legitimamente levantados possam ser debatidos com tranquilidade."

O tucano enfatizou também que cerca de dois terços da população não paga a tarifa completa --segundo ele, 38% têm vale-transporte subsidiado por empregadores, 10% têm gratuidade total (como idosos) e 12%, descontos.

Haddad disse que a prefeitura conversou não só com o Estado, mas com outros prefeitos de capitais, como o Rio.

"É um gesto de manutenção de espírito da democracia, de convívio pacífico que continuaremos a fazer com a cidade. E agora com mais responsabilidade, porque temos que explicar as consequências desse gesto para o futuro da cidade."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página