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País em protesto
Hostilizados, petistas abandonam ato pós-redução de tarifa em SP
Manifestantes antipartidários xingaram militantes e queimaram bandeiras do PT e de outras siglas
Às 20h, 110 mil pessoas estavam na avenida, de acordo com o Datafolha; polícia observou conflito sem intervir
Militantes de partidos políticos e do MPL (Movimento Passe Livre) foram expulsos ontem do ato marcado para comemorar a revogação do aumento da tarifa em São Paulo.
O ato, que começou às 17h15 na avenida Paulista, foi marcado por um forte confronto entre grupos que se diziam "antipartidos" e militantes do PT, PSTU, PSOL e PCO.
Houve empurra-empurra, gritaria e agressões entre os grupos. Bandeiras de partidos foram arrancadas de manifestantes e queimadas.
A confusão começou quando militantes do PT chegaram portando bandeiras da sigla. Eles foram recebidos por xingamentos e gritos de "oportunistas" e "mensaleiros".
Hostilizados por todo o trajeto, petistas tiveram que ser protegidos por um cordão humano que unia membros do MPL e de outros partidos.
Quando o grupo chegou em frente ao prédio da Gazeta, os "antipartidários" impediram a passagem do restante da marcha, que era liderada pelo MPL.
Neste momento, houve um confronto e o bacharel em direito Guilherme do Nascimento, 27, deixou o ato com cabeça sangrando.
Ele afirmou que as agressões vieram de petistas.
Já militantes das siglas de esquerda disseram que foram atingidos por spray de pimenta e atacados com pranchas de skate. No tumulto, uma militante desmaiou.
A PM acompanhou à distância. Após o confronto, a marcha se dispersou. Militantes do PSOL foram obrigados a tirar a camisa do partido e deixaram o ato chorando.
Enquanto o protesto seguia para os dois lados da avenida, num movimento desordenado, manifestantes fecharam a Consolação e seguiram em direção ao centro.
Outro grupo se dirigiu para Assembleia Legislativa.
Às 20h, 110 mil pessoas estavam na avenida, segundo o Datafolha. O cálculo é feito com base no público concentrado na Paulista e não no deslocamento dos manifestantes. Por isso, é possível que o número tenha aumentado ao longo do percurso.
Segundo membros de partidos, a presença dos petistas foi a causa do acirramento.
Danilo Camargo, 51, do Conselho de Ética Estadual do PT, reclamou da hostilidade contra os militantes.
"Sem partidos não se faz política", disse.
Anteontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, mobilizou os militantes para as manifestações de ontem.
Entre os manifestantes, os discursos eram variados.
"Estou aqui porque investiram na Copa, e não investiram em educação e saúde (...) para tirar Renan Calheiros [presidente do Senado], abaixar os impostos e por mais saúde e educação", afirmou o analista de sistema Osvaldo de Oliveira, 26.