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Médicos estrangeiros serão alvo de protesto
Associações declaram ministro 'persona non grata', pedem melhores salários e mudanças na carreira
Atos são planejados em vários Estados para quarta; prontos-socorros não serão afetados pelas manifestações
Entidades médicas brasileiras declararam o ministro da Saúde Alexandre Padilha "persona non grata" e marcaram um dia de mobilização nacional, na próxima quarta-feira, contra políticas de saúde adotadas por ele.
A principal reclamação é a vinda de médicos estrangeiros para atuar no SUS (Sistema Único de Saúde) sem teste para validar o diploma.
Os médicos pedem ainda melhor remuneração no setor público e a implementação de uma carreira médica estatal, nos moldes da do Judiciário --médicos concursados seriam alocados em municípios afastados e, com o tempo de trabalho, migrariam para os grandes centros.
A decisão foi tomada em reunião entre AMB (Associação Médica Brasileira), CFM (Conselho Federal de Medicina), Fenam (Federação Nacional dos Médicos) e Associação dos Médicos Residentes. O grupo pede ainda uma reunião com a presidente Dilma Rousseff (PT).
Anteontem, Padilha afirmou que sairá ainda este ano o edital para fixar médicos estrangeiros e brasileiros no interior do país e nas periferias de grandes cidades.
O governo diz que serão cerca de 10 mil médicos e que brasileiros terão prioridade.
Mas, para as entidades médicas, o problema não é a falta de médicos. "Existem cidades brasileiras com uma proporção médico/habitante maior do que em países europeus. E como estão as emergências públicas delas?", diz Floriano Cardoso, da AMB.
Para as organizações, uma melhor remuneração, a reformulação da carreira e uma melhor infraestrutura das unidades de saúde resolveriam a carência.
Para o dia de mobilização, vários Estados planejam atos. O atendimento a emergências não será afetado. Em São Paulo, haverá um panelaço na avenida Paulista às 16h.
O ministério afirma que a vinda de médicos estrangeiros é uma medida emergencial e que, se eles fizessem a prova de validação do diploma poderiam atuar onde quisessem, o que não seria ideal.
Com a permissão especial, serão obrigados a trabalhar temporariamente em áreas mais carentes, após treinamento de três semanas.
A pasta diz também que investirá R$ 1,17 bilhão na melhoria de infraestrutura de unidades de saúde.