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'Manifestantes' ganham até R$ 70 para ir a ato sindical na Paulista

Reportagem flagrou grupo dando vale de pagamento a pessoas vestidas como militantes da UGT

Integrante da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) disse ter recebido R$ 50; centrais negam envolvimento

PAULO GAMA RICARDO GALLO FLÁVIO FERREIRA DE SÃO PAULO

Numa rua atrás do Masp, um grupo de 80 pessoas com camisetas da UGT (União Geral dos Trabalhadores) espera em fila a vez de preencher um papel. Trata-se de um vale para que recebam R$ 70 por terem participado, vestidos como militantes, do ato de ontem na avenida Paulista.

A Folha presenciou a entrega do vale, que se deu por volta das 15h, quando a manifestação acabou.

Mulheres de 30 e 40 anos e rapazes com aparência de pós-adolescentes entregavam uma pulseira numerada que usaram na manifestação a um homem de agasalho, que perguntava o nome da pessoa, preenchia o vale e o entregava aos presentes.

No documento, consta que o pagamento é uma ajuda de custo para alimentação e transporte. Na parte de cima do papel, há impressa a data e o nome da manifestação: "11 de julho - Dia de Luta".

Em duas ocasiões, pessoas que organizam o grupo abordaram a reportagem e pediram para que deixasse o local.

Na fila, as pessoas confirmaram que não tinham relação com sindicatos filiados à UGT e que foram ao ato apenas para receber os R$ 70. Com medo de represálias, não quiseram dar o nome.

A UGT é presidida por Ricardo Patah, sindicalista filiado ao PSD, partido do ex-prefeito Gilberto Kassab. Ele negou que a central tenha pago manifestantes (leia ao lado).

QUAL SINDICATO?

A UGT não foi a única central a ter pessoas que receberam dinheiro. A Folha falou com um rapaz e uma mulher com camisa da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) -- que não se identificaram.

Questionado sobre a qual sindicato pertencia, o rapaz se dirigiu para a mulher ao lado: "Ixi... Qual o nosso sindicato mesmo?". Em seguida, ele saiu, desconfiado.

A mulher, então, respondeu: "Este aqui, olha: CSB", apontando para a camisa que vestia. A reportagem questionou sobre a que sindicato específico ela se referia, já que o CSB era uma central. Ela se limitou a responder, de forma genérica: "o dos trabalhadores".

Em seguida, ela declarou que foi à Paulista por R$ 50.

Em seu site, o CSB elenca como afiliados, entre outros, o sindicato dos trabalhadores de processamento de dados do Estado e o sindicato dos trabalhadores no vestuário de Guarulhos.

O dirigente da entidade presente à passeata negou pagamento aos militantes.

Tanto os manifestantes da UGT quanto os da CSB ficavam, com bandeiras e balões, diante do caminhão em que foram feitos os discursos.

Ao final do ato, militantes de outras centrais sindicais rumaram para a Consolação. Instados a continuar por pessoas com bandeira do PCO (Partido da Causa Operária) --de ideologia comunista trotskista--, os militantes da CSB e da UGT se recusaram: queriam ir embora.


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