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Paulistas se armam contra a insegurança

Para especialista, armamento da população pode levar a "guerra de todos contra todos"

ADRIANA FARIAS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dez anos após o Estatuto do Desarmamento entrar em vigor e da campanha que se seguiu no ano seguinte, a Folha analisou dados da Polícia Federal sobre posse de armas.

Segundo os números, a procura de armamento por civis, no Estado de São Paulo, teve crescimento impressionante: de 22 armas comercializadas em 2004, o número chegou a 1.283 no ano passado. Um aumento de 5.732%.

Foram os civis, e não quem trabalha com segurança, que mais compraram armas novas no país: são deles 64% desses registros (sem considerar a comercialização de arsenal usado).

O publicitário Adriano, 30, gastou oito meses e R$ 10 mil em aulas de tiro e com a papelada necessária para ter a posse de uma pistola calibre 380 (R$ 2.500).

"A gente tenta se proteger da forma que está à disposição, até onde nosso dinheiro alcança", afirma.

Para o sociólogo Sérgio Adorno, 61, coordenador do NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da USP, "a consequência de uma população armada é grave". "Vamos instituir uma espécie de guerra de todos contra todos. Aquele que tiver a arma mais poderosa vai matar mais e vai se sentir mais protegido."

Para Nelson de Oliveira Junior, 59, presidente da Academia de Tiro Centaurus, "as pessoas querem ter o direito básico à legítima defesa."

"Todos estão sendo atingidos por esse desequilíbrio entre o cidadão de bem e o marginal. Então, vêm desde a classe A até a classe D", afirma.

Em 2003, o Estatuto do Desarmamento fez várias restrições: proibiu o porte, elevou a idade mínima para posse e passou a exigir teste psicológico e comprovação de capacidade técnica para atirar.

Um curso básico custa no mínimo R$ 500 e pode durar quatro horas ou até dois dias. O aluno deve ter mais de 18 anos e apresentar atestado (negativo, claro) de antecedentes criminais.

Pesquisas americanas analisadas pelo NEV-USP mostram que ter arma em casa aumenta a possibilidade de desfechos fatais.

O sociólogo Adorno lembra de um vídeo do Museu do Holocausto (Berlim), no qual a cientista política Hannah Arendt responde se afinal foram mortos 5 milhões ou 6 milhões de judeus.

"Hannah declarou: O número não interessa'. A ideia de que você possa ter armas que matam pessoas é que é grave."


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