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Ministério quer incluir Aids nos exames de rotina
Governo pedirá que entidade recomende que todo médico sugira teste de HIV
Objetivo é reduzir o número de infectados sexualmente ativos que não sabem ser portadores do vírus
O Ministério da Saúde pretende pedir ao CFM (Conselho Federal de Medicina) que elabore uma recomendação para que todo médico sugira o teste do HIV a seus pacientes com vida sexual ativa.
"Aumentaria muito as testagens e, consequentemente, diminuiria as pessoas que têm o HIV, não sabem e continuam transmitindo. Não podemos ter alguém sexualmente ativo sem ter feito o teste", afirma Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério.
Pelas estimativas do governo, um quarto dos 530 mil infectados no país não sabe que tem o vírus.
O pedido ao CFM precisa ser oficializado, mas o primeiro contato, há alguns meses, foi positivo, segundo Barbosa. O conselho afirmou que vai esperar o pedido formal antes de se manifestar.
O momento, no entanto, é de tensão entre entidade e governo. O conselho rejeita a política do governo para atrair médicos estrangeiros e anunciou ontem seu afastamento de comitês no âmbito federal (leia na pág. C4).
A solicitação se soma a novas estratégias contra a Aids que devem ser desenvolvidas pela nova gestão do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério.
Uma delas, diz Barbosa, será oferecer o tratamento com antirretrovirais a infectados de grupos de maior vulnerabilidade, como jovens gays e prostitutas, independentemente do nível de comprometimento imunológico.
Hoje o tratamento é ofertado apenas quando exames apontam um determinado comprometimento.
O ministério também pretende implantar uma avaliação para identificar eventuais dificuldades de acesso ao teste de HIV e atrasos no início do tratamento.
Para Alexandre Grangeiro, pesquisador da faculdade de medicina da USP, é importante garantir o acesso ao teste.
Mas ele diz que "as estratégias que miram a população geral têm pouquíssimo efeito para a população específica [que concentra a epidemia no país, como profissionais do sexo e jovens gays]".
Grangeiro defende uma política mais abrangente na oferta do antirretroviral, que inclua pessoas não infectadas como prevenção.