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AfroReggae deixa Alemão e diz que foi expulso por tráfico
Após 12 anos, sede da ONG no complexo de favelas do Rio amanheceu fechada
'Se está saindo é porque tráfico ainda dá as cartas', diz coordenador; secretaria de Segurança não se manifestou
A ONG AfroReggae anunciou ter deixado o Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio. Segundo seu coordenador, José Júnior, a organização foi expulsa pelo tráfico de drogas.
O AfroReggae atua há 20 anos na mediação de conflitos em favelas cariocas, além de fazer ações culturais e recolocar ex-traficantes no mercado.
A pousada e a sede da ONG no Alemão amanheceram fechadas ontem, quando várias atividades estavam previstas.
A presença de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), disse Júnior, não impediu a ação de traficantes.
"Seria leviano da minha parte se dissesse que nada mudou. Agora, existe muita coisa a ser feita. O que posso dizer é que se o AfroReggae está saindo é porque o tráfico ainda dá as cartas lá."
A decisão de deixar o Alemão, após 12 anos de atividades no complexo, foi anunciada numa rede social, na qual Junior postou o link da reportagem da revista "Veja" que dava essa informação.
Em entrevista na sede da ONG no centro do Rio, o coordenador afirmou: "Não dá para colocar a vida de crianças em risco. Não foi um blefe. Não dá para ter um ato de pseudo-heroísmo e correr o risco de jogarem uma granada que possa atingir uma criança".
Segundo ele, na quarta-feira, um dia após incêndio na sede da pousada, um líder comunitário foi procurado e avisado de que o AfroReggae deveria deixar o Alemão. A ONG funcionava em três pontos da comunidade. Atuava no Alemão desde 2001.
A comunidade foi ocupada pelas forças de segurança em novembro de 2010. Em dezembro daquele ano, o Exército iniciou sua ação no local, que durou mais um ano e meio.
No ano passado, a UPP foi instalada. Mas traficantes continuam na favela, inclusive com fuzis, e já houve vários ataques a policiais.
A Secretaria da Segurança não se pronunciou sobre o caso. A Polícia Militar disse que o seu comandante-geral, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, falou com Júnior e marcou uma reunião para amanhã.