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Grupo de naturistas quer 'liberdade de nudez' em parques

Comunidades de adeptos discordam sobre espaços aceitáveis para deixar tudo à mostra

DANILA MOURA RICARDO SENRA DE SÃO PAULO

Imagine a cena: 30 pessoas no parque do Ibirapuera, sentadas em cangas, num piquenique. Jogam squash, tocam flauta, rodam em cirandas. Ah, sim: elas estão peladas.

A manifestação pela "liberdade de nudez" de fato aconteceu, em maio, e promete se repetir em novo encontro, no dia 1º de dezembro.

Liderada por Alfredo Nora, 37, ator do teatro Oficina, a trupe pleiteia o direito de ficar sem roupa em espaços públicos como praças, parques e até no próprio Facebook (onde algumas fotos vira e mexe são censuradas).

Essa filosofia de vida, no entanto, tem provocado polêmica fora e também dentro da comunidade naturista de São Paulo. "Recebemos diversas críticas e ataques de clubes naturistas", diz Alfredo.

Quando criou seu evento pelo direito de ficar nu, Alfredo procurou aqueles com quem compartilhava "os mesmos ideais de liberdade". Os clubes de naturismo, contudo, não abraçaram a ideia.

Caso do SP-NAT (Naturistas da Grande São Paulo). "Somos contra, pois achamos que existem lugares determinados para ficarmos nus", diz a psicóloga e diretora da instituição, Rose Santana, 38.

"Num parque, pessoas que não têm a mesma visão que a nossa podem ter outra interpretação. Imagina se um religioso chega com o filho para passear no parque e encontra um monte de gente pelada?"

Para Rose, se não há placas avisando que há pelados no recinto, "é falta de respeito".

Um dos lemas do naturismo "alfredista" é a busca "por paz mundial e libertação entre nudez e sexualidade".

Integrante do grupo, o gerente de comunicação Marcelo Coutinho, 38, diz que nudez e sexo não são necessariamente dois lados da mesma moeda. Ou seja: não é por ter tirado a roupa que você está atrás de diversão.

"Separando as coisas, as pessoas encaram o corpo de forma mais natural, livre".

Segundo Luís Fernando Beraldo, advogado e mestre em direito processual penal pela USP, "nudez pura e simples, sem nenhuma conotação sexual, é um exercício do direito à liberdade de expressão e não configura crime".

A publicitária Madô Lopez, 30, aposta na nudez para chamar atenção para uma causa: a vadiagem. A grafiteira curitibana é responsável por organizar a primeira Marcha das Vadias, em 2008, na qual mulheres usam trajes mínimos (ou nenhum) para protestar contra o machismo.

"O importante é refletir: por que mulher que usa roupa curta é vagabunda? Assim como quem fala que todo preto na rua é ladrão", diz Madô.

Para a sexóloga e obstetra Carol Ambrogini, "essas pessoas são exibicionistas. Os frequentadores dos parques não são obrigados a ver isso. Tem criança!".

Já Madô Lopez não se assustaria no Ibirapuera: "Beleza, é uma galera pelada, tranquilo."


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