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Análise

Como compositor, tornou-se universal sem tirar o seu coração do Nordeste

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Dominguinhos é um caso perfeito de passagem de bastão na cultura brasileira.

Se Luiz Gonzaga, partindo do que vira seu pai fazer na pequena sanfona de oito baixos, expandiu a capacidade do instrumento e de toda a música feita no Nordeste, Dominguinhos rasgou de vez as fronteiras que ainda se encontravam fechadas para essa música.

Para tanto, ele foi seguindo o rastro do mestre. Quando o conheceu, tinha oito anos e não sabia que aquele homem era o Rei do Baião. Passaram-se mais oito anos e ele já estava tocando com Gonzaga, transformando-se em seu principal discípulo.

Aprendeu as manhas do resfolego --a vibração no fole da sanfona-- e deu novo ar à paixão dos mais jovens por esse instrumento tão complexo, dominado por ele de forma tão intuitiva.

Se o talento e o carisma de Gonzaga tinham contribuído para que Gilberto Gil, Milton Nascimento, Wagner Tiso e tantos outros empunhassem o acordeom, Dominguinhos foi a referência mais importante para Osvaldinho, Marcelo Caldi, Marcos Nimrichter.

Tocou com os melhores músicos de choro, como os violonistas Dino e Meira; assimilou com facilidade o samba e a bossa nova; improvisava à moda dos jazzistas, sendo admirado por eles; e era senhor das valsas e dos lamentos.

Somando-se tudo isso aos baiões, xotes e xaxados, foi um músico completo. Como compositor, tornou-se universal sem tirar o coração do Nordeste.

Cobriu do acelerado "Isso Aqui Tá Bom Demais" (com letra de Chico Buarque) ao cortante "Lamento Sertanejo" (com Gilberto Gil); do dengoso "Eu Só Quero um Xodó" (com Anastácia) ao, segundo ele, "russo" "Xote da Navegação" (com Chico Buarque).

Na linha de Gonzaga, caçou o sucesso, gravou sem parar, meteu-se com políticos, mas jamais perdeu a ternura, no jeito de ser e de tocar, de cantar e de compor. Seu apelido no diminutivo apenas disfarçava quão grande ele foi e continuará sendo.


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