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Só oficiais falam no 3º dia de júri do Carandiru

Os 18 PMs com patentes de praças mantiveram direito de ficar em silêncio

Coronel e major admitiram terem feito disparos contra os presos do pavilhão 9, mas em legítima defesa

AFONSO BENITES EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO

Quem tem o poder de decisão se manifestou. Os que têm de seguir ordens calaram-se. Esse foi o resumo do terceiro dia de julgamento da segunda fase do júri do massacre do Carandiru, ontem.

Por estratégia da defesa, só os policiais militares com patentes de oficiais (de tenentes a coronéis) responderam aos questionamentos de promotores, advogada e juiz.

Os que na época do crime --outubro de 1992--, eram praças (soldados, sargentos e cabos) mantiveram o direito de ficar em silêncio.

"Queremos também ouvir a tropa. Não queremos só ficar com o discurso dos oficiais", pediu o promotor Fernando Pereira da Silva a um dos 18 réus que se calaram. Em vão.

Até o fim da noite, dois oficiais prestaram depoimento.

Na época capitão, o coronel Valter Alves Mendonça chefiou uma equipe da Rota (tropa de elite da PM) responsável por invadir o segundo andar do pavilhão 9, onde, segundo a acusação, foram mortos 73 dos 111 presos assassinados.

O major Marcelo Gonzales Marques era tenente.

Ambos admitiram ter atirado contra presos, mas em legítima defesa. "Reagimos a uma agressão", disse Mendonça.

Também revelaram uma mudança no plano de invasão. Em princípio, a Rota seria a última a entrar. Por ordens superiores, foi primeira, pois havia indícios de que presos teriam armas de fogo, disseram.

A tese da defesa é que os policiais da Rota não foram os responsáveis pelas mortes.

"Só estão aqui por que atiraram e disseram que atiraram", disse a advogada Ieda Ribeiro de Souza. PMs do Batalhão de Choque que admitiram ter feitos disparos, não foram indiciados, segundo ela.

A previsão é que essa segunda fase do júri acabe no fim da semana. A primeira, em abril, resultou na condenação de 23 PMs.


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