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Cabeça de juiz morto foi tirada de estaca por tia

Jogador assassinado fez aniversário dois dias antes do crime em vilarejo

Segundo autoridades, tragédia dividiu Pio XII; moradores teriam reforçado segurança por boatos de vingança

DO ENVIADO A PIO XII (MA)

A tia do juiz esquartejado após a partida em Centro do Meio foi quem retirou a cabeça do sobrinho da estaca de madeira em que foi colocada.

Otávio Cantanhêde foi morto após dar uma facada no peito de Josemir Abreu, que morreu com o golpe.

Enfermeira do hospital de Pio XII, Jane Cantanhêde estava de folga quando soube da morte e foi até o campo.

"Se tivessem só matado, estava lá, bonitinho, foi vingada [a primeira morte]. Mas cortar do jeito que fizeram? Isso é o mais triste", diz.

Otávio morava na zona urbana de Pio XII, fazia serviços de vaqueiro e cursava o terceiro ano do ensino médio.

Apaixonado por futebol e torcedor do Fluminense, também gostava de festas. "Não costumava arrumar confusão", diz a tia, mas já havia sido esfaqueado, sem gravidade, durante um Carnaval.

"Todo fim de semana ele jogava num povoado diferente", diz Jane. "Naquele dia, ele passou aqui antes de ir. Eu disse: Menino, sei lá o que decorre desses jogos nesses interiores [povoados]'. E ele disse: Lá todo mundo é amigo'."

Abreu, que morreu esfaqueado, era do time de Otávio. Criado em Centro do Meio, havia se mudado para a área urbana há três anos, após se casar, e trabalhava nos Correios com o sogro.

Dois dias antes de morrer, fez 30 anos. Comemorou a data com as irmãs, que vivem no povoado, local onde mantinha muitas amizades.

"Ele tinha passado muito tempo sem jogar nesse campo", diz a irmã do jogador, Jeane Abreu, 33. "Naquele dia, saiu dizendo que não ia jogar, mas acabou entrando."

CIDADE DIVIDIDA

A tragédia que envolveu Otávio, da cidade, e Abreu, do povoado, dividiu Pio XII.

Como as próprias autoridades perceberam, pois tiveram dificuldade para reconstruir os fatos, os relatos na zona urbana culpam o jogador pelo que se passou. No povoado, acusam o juiz --de resto, predomina o silêncio.

Conta-se em Centro do Meio que, nos dias seguintes às mortes, uma série de boatos de que "o povo da cidade" iria vingar o esquartejamento fez os moradores trancar as portas e janelas das casas.

Já no centro da cidade, colegas de escola de Otávio fizeram um ato pedindo paz.


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