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Maria Rosa de Belém Baptista (1928-2013)

Formou-se em história depois dos 50

DE SÃO PAULO

Não poderia haver momento mais difícil para a numerosa família piauiense desembarcar em São Paulo. Apenas um ano se passara desde a derrota paulista na Revolução Constitucionalista de 1932, e os ânimos ainda estavam exaltados.

O pai, escritor, e a mãe, musicista, ambos intelectuais de extração positivista, chegaram acompanhados de nove filhos. Enfrentaram hostilidade aberta, identificados que foram com os apoiadores de Getúlio Vargas.

Maria Rosa de Belém Baptista, a caçula, então com quatro anos, lembrava as vezes em que os "cabeças chatas", como eram chamados, apenas subiam no bonde para ver os demais usuários descerem em escancarado protesto.

Mesmo sem ressentimentos, a menina nunca esqueceu o peso da discriminação.

O pai morreu logo. A mãe decidiu ficar naquela que era, afinal, a cidade das oportunidades. Maria Rosa cresceu, formou-se secretária, trabalhou, casou, teve três filhas, às quais ofereceu formação humanista e ensinou o valor da caridade e do respeito ao próximo.

Divorciada, ingressou já cinquentenária no curso de história na USP, onde se graduou e obteve o título de mestre com dissertação sobre a memória de negros a respeito da época da escravidão.

Por essa época, filiou-se ao PT, partido pelo qual militou em todas as campanhas desde a fundação. Por onde passou, conquistou amizades duradouras, repletas de gentilezas. No começo do ano, fez questão de comparecer à posse do prefeito Fernando Haddad, que apoiou.

Sua despedida, na quinta-feira (22), menos de dois meses após o diagnóstico de câncer de pâncreas, congregou amigas e amigos do trabalho dos anos 50, da faculdade dos anos 80, e da Federação Espírita do Estado de São Paulo, onde trabalhou voluntariamente por muitos anos, além de sobrinhos, filhas e netos.


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